Coroas Tortas

África,
minha mãe cansada de coroas tortas,
de reis que não sabem partir,
de tronos que criam raízes no chão do medo.

O poder virou espelho;
quem se olha nele esquece o povo,
apaixona-se pela própria sombra,
e chama isso de liderança.

Eles não largam o trono
porque o trono é o último abrigo,
onde a culpa dorme,
onde o ouro canta,
onde o medo veste terno e gravata.

Dizem:
“Sem mim o país cai.”
Mas o país já caiu;
caiu na escola sem livros,
na criança sem pão,
no jovem sem teto e sem chão,
no velho sem voz,
na rua que chama pelo nome da justiça
e ninguém responde.

Nossas constituições são elásticas;
esticam-se ao tamanho da ambição
dos que juram servir,
mas só servem-se a si mesmos.

E nós?
Ficamos aplaudindo as promessas,
como se aplauso fosse voto,
como se paciência fosse paz.

Mas o vento está a mudar.
Há tambores novos a bater no peito da juventude,
há vozes que recusam o silêncio,
há mentes que já não se ajoelham.

O futuro não cabe num palácio.
O futuro mora na rua,
no grito que sobe das mãos vazias,
no olhar que já não teme o rei.

Um dia,
os tronos hão de cair;
não com armas,
mas com consciência.
E então,
o poder deixará de ser coroa,
para voltar a ser serviço.

Por: Sebastião Xirimbimbi

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