Paulo Sarius

Paulo Sarius

1987-02-19 Belo Horizonte
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Desertório

Preso na tela
O Sono protela
Ileso esfarela
Deserto em remela

Ponteiros em sol
Apertam um nó
Retesa-me só
Faz o livre em pó

Assim, dez caminham
Passos repassados num chão
De poucas polegadas, se vão
Um, cem, dez caminhos
Qual língua pisoteada
Diz muito sem falar nada

Um nobre descoroado
Em móvel trono jaz
Sem súditos, sem paz
Em távola aprisionado
Onde corre, fiel, um rato
Rato preto, não teme gato

Sofrida travessia
Ida sem noite ou dia
Sol de calor que esfria
Em solitária companhia

Findam-se as areias
Decerto, o oásis amado!
Ante lesadas veias
Deserto teu grão suado!

Paulo Sarius
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