RonaldoHBJ

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Estudante e escritor, escreve para um blogue pessoal e para o Jornal da Baixada - de distribuição local. Obtém reconhecimento de seu trabalho literário em mídias impressas, na internet e em concursos literários.

1996-03-06 Rio de Janeiro
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A Poesia do Templo de Baco

Silêncio.

O público brilha no escuro,

Lançando ansiedade no ar.


As cortinas, paradas, exalam

Os versos que o ator repassa recluso

Em seu camarim mal iluminado,

Onde o cheiro da maquiagem toma

O ambiente repleto de tensa paixão

Pela arte de irradiar a alma num palco

E sentir a poesia que emana da plateia.


O altar das artes cênicas espera

Aquele que transcenderá a alma

Na noite banhada por estrelas

Enquanto o ambiente começa a pesar

Com os murmúrios dos espectadores passivos

Que comentam o atraso da apresentação

E imaginam o que acontece atrás das cortinas

Naqueles momentos de tensão

E frio na barriga.


Os sinais que recordam

As batidas de Molière

Alcançam os tímpanos mudos,

E os espectadores se calam.


Os contrarregras andam rápido.

Ambiente da criação artística

Montado. Sonoplastas e

Iluminadores posicionados.

O ator caminha suavemente

Com o coração batendo pesado.


O suor do diretor escorre.

Ouvem-se passos sobre os tacos.

Um som fabril ocorre, e

As cortinas se abrem.


O espetáculo vai começar.




*Texto recitado na abertura do III Festival Nacional de Esquetes do IFF, promovido pelo Grupo Nós do Teatro, do Instituto Federal Fluminense Campus Campos-Centro.

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