Zumbi social
Depressivo o comprimido
pro seu natural não ser
A programação 'normal'
está assistindo você
Câmaras de segurança
protegem você de ver
tua visão desligada
prefere a tv ligada
Tua prisão espaçosa
na copa que não tem porta
mas te comporta água morta
Quem um dia fugiria
da cela que tem as chaves?
Quem saltaria a grade
longe das suas vistas?
Quem te abduziu há tempos?
Quem te roubou de você?
adentraram no seu templo
e lhe encheram de defeitos
disfarçaram de efeitos
cobrindo-lhe com um verniz
Os fatos sensacionais
em fartos conglomerados
com camas em hospitais
onde por tempos descansas
impresso fluxogramas
revelam sua apatia seguida de arritmia
tratada com boemia
no happy hours de sexta
depois de cansar de não ser
em fartas noitadas regadas
com vinhas do branco ao tinto
pintados na brasa servidos a mesa
dentro de um magnifico hospício
cinco estrelas ostentam
o luxo do lixo em consumo
ao sumo ao sugo ao ponto ao dente
catalogados a la carte
pratos que imitam prata
prantos que revelam tanto
Ziparam a sua mente
da luz natural que lhe ascende
com razão vives no vão
pulsando seu coração
ligado a um marca passo
de pressa se apressa
e desperta
do sonho que te amortece
amor tece
a morte te esquece
vives vagando com ela
a morte é quem te assiste
a vida não se prende
a tua novela diária
nem a tua insonia noturna
comprimidos prá dormir
comprimem a tua razão perceber o fato
já nadas na tua vaga
programaram a tua mente
de maneira artificial
com princípios bem ativos
cem efeitos colaterais
Não há razão alguma
prá desistir de existir
Quem vai morrer
é zumbi
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