LIMPEZAS


Serenamente, como se detivesse todo o tempo
do mundo e toda a luz do astro-rei
Jorge Luís Borges lavou toda a biblioteca
mergulhando os livros em água de rosas brancas,
era o tempo do expurgo, do exílio da traça,
há de certeza maneiras bem piores
de nos despirmos da inutilidade dos dias
passados em improfícuas quimeras.
*
Ah, só o livro “Historia universal de la infâmia”
escapou ao genocídio das limpezas
nessa nebulosa aurora de 6 de Agosto de 1945
quando Buenos Aires ainda abria a noite
pois “os poetas, como os cegos, podem ver no escuro.”

in, Ruídos e Motins, Palimage, 2016
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