aribra

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Escreve histórias desde que se conhece por gente, curiosamente, sempre manuscritas, há bem pouco tempo decidiu que teria que se acostumar com um computador e começou a escrever diretamente nos processadores de texto.

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Alguns Poemas

O Canto

Dona Tereza rega o último vaso de plantas da varanda quando a porta do apartamento abre-se. O rapaz sai sem nem mesmo cumprimenta-la. Nada diz, nada pensa, abaixa os olhos tristemente. Olha na direção da escada ao sentir a presença de alguém.

- Você sabe, bruxa velha ! Por que?

- O que eu sei, meu filho!

A terrível transfiguração do rapaz a faz tremer. Sabe que pode correr perigo enfrentando-o assim, mas nada tem a temer Quão terrível e desastroso foi o relacionamento daqueles dois. óleo e água não se misturam, era claro que um teria que desistir. Pena ter sido ela. Era tão boa, caridosa e amorosa. Jamais conheceria alguém de alma tão límpida e pura. Vinte anos apenas, na flor da idade.

- Você sabe sim. Ela deve ter dito a você!

- Nem todos têm a tua estrutura e tua força e destemor ante a vida. Algumas pessoas são fracas. Ela era linda por dentro e por fora, mas frágil e sensível demais. Jamais teria vivido muito mais tempo. Conseguiu chegar ao máximo. Não agüentava mais, meu filho!

- Mais o que?

- Até um simples espirro a assustava. Ela tinha medo de você, medo que a abandonasse, medo que a traísse, medo de não o satisfazer, medo de tudo...como explicar?

- Jamais faria mal a ela!

- Mas não dizia a ela. Você sempre procurou manter uma certa distância entre vocês, o que ela não concebia e não aceitava. Você não era carinhoso, o que a matava aos poucos, pois precisava de carinhos constantes. Você falhou meu filho dentro do que ela acreditava como certo mas não falhou dentro do que você acha correto. Por isso não se culpe. Ninguém  tem culpa.

- Você estava certa sua bruxa velha. Eu não devia ter me aproximado dela.

- Você se enganou! Esqueça! Não se pode mudar o passado. Um dia ou outro teriam que se cruzar, se não com ela, com outra semelhante. Você as atrai. É a lei da natureza. O mais forte devora o mais fraco. Algo dela, espero, ficou em você, nem tudo se perdeu. Em mim pelo menos ficou muito. Já sou velha, mas ainda posso transmitir aos outros um pouco do que aprendi com ela,  principalmente às crianças.

- E eu? O que faço de minha vida agora?

A velha senhora o olha demoradamente, ele sabe, ela nada tem com isso mas tenta dar ao seu olhar um ar de total comiseração. Talvez seja mesmo o que sente, mas  sabe que ele odeia a piedade alheia, odeia esta fraqueza que de repente tomou conta de sua vida. Gostaria de responder-lhe que continuasse a viver, mas sabe que ele mesmo já respondeu a si mesmo e quem sabe esqueceria aquilo tudo facilmente.

- Eu não tive culpa! Eu a amava demais, muito, muito...

Finalmente ele foi embora, seus soluços ainda ecoam pelo prédio. Talvez em seu leito de morte Serena esteja ouvindo seus soluços. Dona Teresa murmura para si mesma, enquanto apara um galho seco de uma samambaia, uma prece a Deus para que ele mude, que aprenda algo.

Dona Teresa termina de tirar o ultimo galho seco e olha as plantas ao redor. Todas verdes e bonitas. Continua ainda murmurando para si mesma. Sim! Cante Serena! Cante!
Gaúcho de nascimento, mais precisamente, Uruguaianense, bem lá na pontinha do Rio Grande do Sul, fronteira com a Argentina e o Uruguai, onde viveu parte da infância e adolescência. Ao atingir a maioridade, 21 anos, não que tenha esperado isso ou que necessitasse de licença de alguém, mais por instinto e necessidade de espaço, resolveu partir e desbravar novos horizontes. Acabou parando em Curitiba onde resolveu residir e criar raízes. Casou, teve filhos e por lá viveu mais 20 anos (entre estadas em Blumenau, Florianópolis e São Paulo). Profissionalmente sempre esteve ligado a área administrativa até 1989 quando fez vestibular para Informática na UFPR onde se formou em 1994, área pela qual se apaixonou e onde trabalha até hoje. Quanto à literatura, sempre gostou de escrever, desde pequeno tem seus rompantes de escritor. Escreve histórias desde que se conhece por gente, curiosamente, sempre manuscritas, há bem pouco tempo decidiu que teria que se acostumar com um computador e começou a escrever diretamente nos processadores de texto. Seu antigo costume lhe valeu um monte de manuscritos que hoje em dia terá que passar para o computador.

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