donna maria

Abunda a mesquinhice
E a pobreza de espírito também
O mal nem é do sistema
Mas da falta de cultura e da pulhice
Há quem viva no presente para o futuro
E se preocupe com a (in)evolução do mundo
Ma há quem, vivendo sempre
No seu mundozinho pobre de espirito
Que lhes injeta nas entranhas uma covardia atroz
Não saiba fazer outra coisa
Senão dizer piadas mesquinhas e infelizes
De quem diferente deles se apresenta.

Sinto-me bem
Sinto-me bem neste vazio
Onde não sei o que foi, o que é e o que será
Sinto-me bem nesta ignorância
Total e completa
Sinto-me bem nesta falta de contacto
Sinto-me bem neste sentir
Onde sinto sem sentir
Sinto-me bem
Porém...........sinto-me bem

" A dependência é uma besta"
"que dá cabo do desejo"
Diz o cantor Jorge Palma
A dependência é uma besta
Que nos destrói a alma
A dignidade e a calma
Digo eu com toda a revolta
Da prisão de um sistema de sedução
Que não nos dá liberdade
De termos uma opção

"...Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!"
Já dizia Ary dos santos
E com toda a razão
Antes malvado libertado
Que castrado definhado

Ela não passava de um ovo
Após o acasalamento
que culminou na fecundação
que evolui numa larva
até chegar à beleza de uma borboleta
É o ciclo de alguns seres vivos

Outros, porém, não passam pela fase do ovo
Mas sim do óvulo... sei a diferença, não a entendo
Vai tudo dar no mesmo
É uma questão de diferenciação talvez
Rotulação ou semântica...?
Todos somos gerados por uma coisa comum
O acasalamento entre macho e fémea

Vou comer uma banana...apetece-me
Tudo isto me ocorreu devido à transformação
Às variadas metarmofoses do ser humano
Que não sendo naturais 
Como as borboleta que evoluem para a beleza
São consequência das alterações sociais
Laborais, comportamentais e outras coisas mais...
Que o transformam, não em seres belos como as borboletas
mas sim em seres vis, indecorosos, 
Horrendos, medonhos, tenebrosos, hediondos, sombrios.
Insuportáveis....., disformes.
Mas também caurelosos, prudentes, cuidadosos
 Vou comer uma outra banana...apetece-me...
Continua...não sei quando...

Fevereiro é um mês pequeno
E Março está à porta
Temos o carnaval a chegar
E o pessoal a ficar moreno

Nada há mais excitante
Que ver o tempo a passar
E ver gente que não muda
Nem precisa se mascarar

Como se consegue ser assim
Eu ainda não entendi
Mas sei que se consegue
Ou eu não conhecesse o olhar
De quem não me pode enxergar

Acabou o posso tudo
O quero, posso e mando
Acabou a boa vida
De quem se achava um sortudo

A vida a todos custa
E há que fazer por ela
Trabalhar... custa
Tanto a ele como a ela
Daí não me sentir injusta
Ao tirar o bem bom 
A quem na vida se acostumou
A nada fazer senão comer
À custa do trabalho do outro 
Que tanto ganhou e nada juntou

Conduzia a uma volucidade lenta
Como faz todas as noites
De regresso a casa
Era tarde...
quase uma hora da manhã
Ouvia jazz alegre e radiante
Na rádio que tantas emissoras tem
E carregando no botaozinho
Passa de emissora em emissora
Até chegar ao que quer,certamente
E dizer; esta..sim....está bem, gosto.

Tantas vezes percorrida a mesma estrada
Nunca tinha reparado...não
Nos pormenores dessa mesma estrada
Coberta de um céu estrelado
E rodeada de montes, comércio, áreas de serviço
Um sem número rotundas e saídas e entradas

Sentiu um brilho nos olhos, e sorriu
Sorriu de felicidade, quicá de tranquilidade 
Ia novamente ficar só
Só...mas não sozinha
Porque quem lhe quer bem...
Ficando noutra companhia
Certamente encontrou a felicidade
Que ela sempre sonhou e almejou
Desde que ele era criança

A tranquilidade intranquila
É uma questão de tempo
É uma questão de luta
É uma questão de esperança forte
É uma vontade de vencer
E ter força para dar a volta
Aos filhos da puta que têm poder

No final de cada dia
Ora chega a frustação
De tantos "não" ouvir
Ora surge a esperança
De uma ideia de negócio
Que nos leva à confiança
Que com as políticas de incentivo
Que fizemos questão de ler e ouvir
Nas palestras a que a que fomos assitir
Que temos uma solução

Foi-se a primavera e chegou o verão
E com ele, as novidades também
Logo a mãe chama seu maridão
E de imediato diz, com doçura ou com desdém:
As férias estão aí para gozar
Eu preciso descansar e veranear
Leva nosso filho contigo pela mão
Aproveita, que tens a minha permissão
Que esta oportunidade te vai acabar
E não esqueças as novidades do solar
Pois é só o tempo de as férias passar
E o gosto de teu filho contigo teres vai acabar

SER, custa, dói mas também desfruta
SER, é ser genuíno, diferente, independente, mas que labuta
SER, é ser solidário, preocupado e solitário
SER, é comer kilómetros de estrada ao som da música do rádio
SER, é permanecer, mesmo que cansado ou desalentado
SER, é dizer o que não pensa e guardar o que pensa
SER, é SER sendo para si próprio
Ter um único SER que o entenda
SER, é ser lúcido, é
Ser louco, preocupado e (des)preocupado
SER é ser interiormente pacifico e  guerreiro
Ganhar batalhas inglórias
Perdidas em lutas vãs
Neste mundo de (des)SERES 
De surrealismo kafkiano 
SER é ser de além-mundo
E tudo o resto são histórias.