O que me resta agora?
Voltar amar-te, óh solidão,
Minha velha companheira
A muito abandonada por
Amor e paixão.
As memórias do que foi
Ditam minha saudade.
Arrancaria minha garganta
Pelo soluço entalado,
Se isso não me fizesse temer
Pela covardia de viver.
Todo o alento gasto faz parecer
A alma intrépida diante da vida,
Talvez até a morte recusaria
Algo tão fétido e cheio de angustia.
O amor que resta e ainda me leva,
Leva consigo uma esperança débil
De uma paixão que não vai voltar.
As mãos que um dia me fez sentir
O ébano que dourava a vida,
Agora faz o labor de uma escrita
Que mais faz sentido na solidão,
Nos recônditos de um ser em podridão.
Talvez ainda a toque de quando em quando,
Na raridade de dias felizes em ter a chance,
Mas tudo que terei será o momento de reviver
O toque suave de seus beijos
Me trazendo vida de novo,
Mas sugando toda ela quando me deixastes à solidão.
Fez-me amar-te, até mesmo idolatrar-te em presença,
Agora volto ao desespero de uma escrita sem vida,
Não mais sentirei a paixão
Que um dia você lia cada frase por amor.
Perdi minha poesia?
Devo aprender a escrever sem seu olhar,
Tentarei ser sensível sem teu toque suave,
Amarei cada escrita sem sua voz amável para ser dita,
Inventarei ou até sentirei uma maneira de consegui
Sentir os beijos para minha inspiração,
Os jeitos sensuais para cada palavra de excitação.
Mas em verdade admito,
Não deixarei que minha vida dependa do que foi,
Farei meus sentimentos escrever com minha alma e emoção.