MATRIARCA
Nesse teu porte altivo
e sério, de carácter e vontade
Trazes na aura a
justiça de alma nobre e guerreira
Onde o presente é
futuro e o passado foi bandeira
Das vozes filhas da
dor, que choraram por igualdade.
Nesse coração
solidário, que chora por ver chorar
O teu sal é semente dos
frutos gerados na magia
Do pensamento verdadeiro
de quem ama e quer amar
De quem sente e sacia
a sede, na fonte da sabedoria.
Se a vida são vivências
de sucessivas experiências
Que de forma
repetitiva, sucedem sem cessar
As rugas desse teu
rosto são sulcos dessa vivência
Que na pele suportou
dores, de quem teve de lutar.
Matriarca, senhora de
ontem, mãe, esposa, tia, avó, e amiga.
Nesse coração puro e
vigilante, podes ser o que bem quiseres
De cetro justo e
cintilante, senhora de hoje, em vida antiga
Bendito seja o que
fizeres, louvado seja o que disseres.
Nesta sede de viver,
talvez eu me posso perder
Nas noites escuras e
profanas de encruzilhadas sem via
Feitas de ventos e
tormentos que cegam, e não deixam ver
O farol da verdade, que
tremula de enganos no pavio da utopia.
Se essa for a vontade,
grita por mim, mostra-me o meu norte
Mantém acesa a chama da
harmonia, aponta o rumo que devo tomar
Nessa luz de tom branco
onde mora o chamamento, talvez eu tenha sorte
E ouça o sentimento que
perdura para além da morte e me faça voltar.
João Murty
Escritas.org