Linhas da minha mão

No mundo das linhas da minha mão,
Vejo tudo em cima de um balcão.
Estou sem óculos e é ruim a iluminação.
E a cigana que me ensinou a ler
Se perdeu dentro de mim.
Fico sem saber
Onde pôr os pés no meu jardim.
Olho para frente
Vejo apenas as minhas mãos com um presente indecente,
Embrulhado de ontem.
Ontem mal embrulhado,
Com o lacre violado,
Com o endereço errado,
Com a validade vencida.
Quem toca o presente
Não sente a minha vida.
Não quer saber de nada,
Nem de mim nem de ninguém.
Diz que o outro é uma escada
E dos anjos ouve “amém”.
Nas linhas das minhas mãos,
Vejo que não tenho tempo
Pra apurar a minha visão 
E saborear meus alimentos.

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