Medra o rumor das águas
enquanto por ti caminho
vespertino
diluindo as escuridões do mundo
rompendo pela alva
tão copiosamente
revelando-te os segredos
num punhado de versos inacabados
repetindo-te a existência inédita
dos nossos seres religiosamente
intuitivos
sagradamente cativos
no périplo da vida andante
alimentando o pasto da nossa fé
mais perseverante
decretando pelas ruas deste destino
um rugido travesso
partindo nas carruagens do tempo
itinerante
convertendo até as sombras num silêncio
final, perpétuo e revigorante
embrulhando sossegadamente
uma hora que ficou perdeida
no tempo
para nós de espanto
enquanto contigo
à luz excelsa de um desejo
regámos a esperança que ressuscita
numa súbita brisa escrita no
Evangelho do nosso encanto
Frederico de Castro