Escuto o sentir das palavras e então esculpo-as nos meus silêncios, dando-lhes vida forma e cor. Desejo-as, acalento-as, acolho-as,embelezo-as sempre com muito, muito amor…
Subtraí ao silêncio um gomo de luz ecoando Pela madrugada que chega agora tão apressada Atropelando o dia travestido de ígneas luminescências tão ousadas
Num suspiro sustive o perfume sereno onde bebericamos Uma acossada hora fenecendo até se vindicar aquela Milimétrica solidão fugindo coalescida e devassada
Algemei o tempo que lavro neste destino desamparado Deixando em cada eco um vazio disperso...quase dilacerado Sucumbindo naquele ardente minuto vagando, senil e compenetrado
Filtrei todo silêncio decantado na vindima da vida Incubando uma lágrima maturando na adega das ilusões amenas Quando nos embebedamos atufados num desejo quase obsceno
Chispa o entardecer, morrendo depois entre as colinas Fronteiriças daquele silêncio repisado, ratificado, sorvendo Da noite toda a quietude ateada a este verso hibernando apaixonado
Estica-se o infinito céu tão sedutor tocando suas madeixas Meu sonho mais codificado assim que penteio o tempo barricado Na pústula e viçiante ilusão onde corrompo a solidão assim triplicada
Na holografia da madrugada reproduzi nossas sombras que Se esgueiram pela galeria da noite deixando um matrimonial desejo radiante Recolher toda a monotonia que repousa no semblante do teu sorriso itinerante
Sem mais estardalhaço beberico cada rima reconfortante alimentando A serenidade das palavras adiadas, petrificando aquele subtil minuto insinuante Sossegando o crepúsculo grácil, irreverente...inexplicavelmente dócil e arrebatante