Escuto o sentir das palavras e então esculpo-as nos meus silêncios, dando-lhes vida forma e cor. Desejo-as, acalento-as, acolho-as,embelezo-as sempre com muito, muito amor…
Na cintura do tempo adelgaçou-se este Silêncio, deixando os mamilos da solidão Expostos ao desejo da noite em reclusão
Sob os olhares da madrugada duplico cada Eco informal sumindo na escuridão impaciente onde Se curvam as sombras dos meus lamentos tão latentes
Duas margens dividem a saudade que prospera Nesta severa matemática das horas indivisíveis Pois ali alimento a matriz de tantas memórias intangíveis
No cubículo do silêncio suam as palavras gritando de Tal forma vulneráveis, que o dia depois feliz desperta Debruçado numa longa e encarcerada ilusão boquiaberta
O monitor das minhas memórias apagou aquela imagem Que a luz envergonhada sempre flerta, velando Todos os gestos e caricias implodindo em cada hora mais deserta
Deixo a alcunha dos meus lamentos estampada na mordaça Dos sonhos breves...intransponíveis até estrangular, de vez A insólita lágrima caindo...caindo encoberta e perecível
Rude caminho este onde palmilho cada lembrança Eufórica diluída nas boulevards do tempo embriagante Ternamente filtrado numa bruma matinal e tão retumbante