Armando A. C. Garcia

Armando A. C. Garcia
Nasceu a 12 Novembro 1937 (São Paulo)
Comentários
Gostos

O NOVO MUNDO

O NOVO MUNDO

Os caminhos do Atlântico


Enfrentar o incomensurável oceano
Seguindo caminhos que ninguém ousara,
Por roteiros nunca antes navegados
O intrépido, povo nauta lusitano
Dando impulso à aventura desbravara
Reprimindo medos e temores ignorados


O movimento da conquista dos mares
Caminhos até então impossíveis trilhar
Por mares escarpelados e agitados,
Que só afinada prática de anos no mar
E uma acurada leitura estelar
Somada à destreza e instrumentos usados


Orientados pela bússola e o astrolábio
Os guiou singrando os mares desconhecidos
Envolvidos pelo espírito das cruzadas
Milagrosamente quis o destino sábio
Sucesso na missão, nautas destemidos
A expansão ganhou forças redobradas


Finalmente enfrentando o longo mar
Navegando nele por mais de um mês
Seiscentas e sessenta léguas percorrer
Avistaram algas abundantes sem par
Sinais de terra a quatro milhas talvez
Sua esperança se fez rejuvenescer


A Descoberta


Frente a frente, abriram-se novos horizontes,
Quando aos vinte e dois de abril de mil e quinhentos
Avistaram um grande monte, alto e redondo
Ao sul terra chã, e mais baixos montes
Grandes arvoredos de espécies aos centos
E aí as naus ancoraram, não se expondo.


E amainando as velas desembarcaram
Na terra que chamaram Vera Cruz
Na praia, nativos nus, eles avistaram
E com prudência redobrada lhes falaram
Por sinais, um sombreiro e um capuz
Que no primeiro contato lhes jogaram


Ao que um deles retribuindo a oferta
Arremessou um penacho de papagaio
E assim recebidos em paz aguardaram
Novo dia p’ra pisar terra descoberta
Onde nativos nus, impávidos como raio
Ocultar suas vergonhas, jamais pensaram


Sem fé, sem lei, sem rei, esse povo era assim
Entre eles não tinham bens particulares
Moravam em cabanas muito grandes
Tudo era comum em seu viver alfim
Cada um senhor de si, de seus polegares
Não conheciam o ferro, nem flandres


Foi aí então, que dois mundos separados
Por séculos... milênios se encontraram
O pré-histórico e o mundo civilizado
Perante o futuro ali foram marcados
Os primeiros sinais que ao mundo levaram
O conhecimento de um povo ignorado



A TERRA DE SANTA CRUZ
E a Pré-Colonização


Aquilo que uma ilha lhes parecia ser
Era quase um continente em extensão
De exuberante fauna e densa flora
Com espécies desconhecidas a crescer
A cada caminhada, a cada exploração
Como nunca tinham visto até outrora


Terra descoberta de índios povoada
De Jês, Caraíbas, Aruaques e Tupis
Frondosos rios, cachoeiras e cascatas
Era terra muito fértil se plantada
No sub solo ouro, prata e rubis
Riquezas conhecidas, frondosas matas


Somente o extrativismo do pau-brasil
Foi a princípio o achado primordial
A extração e o embarque da madeira
Eram pagas aos índios com preço vil
Através de bugigangas, et cetera e tal
E o escambo era a moeda costeira


Os termos do o Tratado de Tordesilhas
Os franceses não reconheciam válido
E grupos de corsários diretamente
Enchiam embarcações até às escotilhas
Negociado com os índios a valor esquálido
Prejudicando os lusitanos certamente


O que levou a Coroa portuguesa
Em mil quinhentos e dois a terras arrendar
A comerciantes como Fernando de Noronha
Em troca de benfeitorias à realeza
Para explorar pau-brasil e negociar
Parte do lucro que o arrendatário sonha


As incursões freqüentes dos franceses
E outros europeus à terra descoberta
Levou o Reino de Portugal a organizar
Expedições para expulsar maus fregueses
Insuficientes ao que a cobiça desperta
E só a destemida esperança os fez parar


DEGREDADOS E SOBREVIVENTES DE NAUFRÁGIOS


A Colonização Acidental


Diogo Alves Correia na Bahia naufragou
Em mil quinhentos e dez, ali ficou perdido
Casou com a filha do maior chefe guerreiro
Teve filhos e outras mulheres esposou
Pelos Tupinambás muito querido
Se à valentia da morte foi herdeiro


João Ramalho no litoral de São Vicente
Deu mostras iguais de força e valentia
Casou com Bartira, filha de guerreiro
Muitas concubinas, índias certamente
Jamais podia mostrar fraqueza e cobardia
Perigo não assusta o velho marinheiro


E milhares de degredados portugueses
Aos sobreviventes de naufrágio somados
Facilitaram a defesa e a ocupação
E uma integração sem elmos e arneses
E às condições dos índios adaptados
Os jesuítas deram início à missão.


A Escravidão Indígena


O que seria a conquista espiritual
Tornou-se desde logo escravidão
Impondo ao povo índio a tortura
Pela violência, matança sem igual
Ao invés da prometida salvação
Deram ao povo a canga e o timão


Constrangendo comunidades inteiras
A entregar parcelas de sua produção
Prestar serviços temporários gratuitos
Foram estas as exigências estrangeiras
Impostas aos donos da sua própria nação
Sufocando pela espada os seus gritos


Os passos dos primeiros brasileiros
Foram assim cruéis e tenebrosos.
Racionais e bem mais organizados
Impunham-lhes sacrifícios verdadeiros
Atrocidades e ardis pavorosos
Donos da nação foram escravizados


E aos poucos os povos primitivos
Iam sendo expulsos ou dizimados
Da terra descoberta e explorada
Passando por intrusos os nativos
Das terras iam sendo desapossados
O vilão de tudo se enaltece na tomada


Em nome do cristo pilhavam inocentes
Conspurcando toda dignidade humana
Com o uso de atrocidades selváticas
Procedimentos que são tão intolerantes
Quanto o incesto e a sodomia na cabana
O canibalismo, e todas suas práticas


As violências cruéis executadas
Com matanças, incêndios e escravidão
Reduzindo povos livres à dependência
Praticados por pessoas civilizadas
Demonstra terem menos evolução
Do que os índios que imploravam clemência


E assim, a gente a que se referiu Caminha
De santa inocência, segundo as aparências
Teve transformada a sua simplicidade
Porque a obra dos cristão foi tão mesquinha
Derramando ódio, semeando violências
Como tem feito ao longo da humanidade


Levou os índios em sua auto defesa
A passarem a ser cruéis e sanguinários
Porém, não tanto como os dominadores
Que os perseguiam com tanta safadeza
Que se mais houvesse mais seriam
Sacrificados em nome dos valores


Das grandes qualidades e da moral
E por ser fraca a força dessa gente
Impunham regras para eles desconhecidas
Como se seu viver não fosse natural.
E com a lança e a espada, geralmente
Faziam as suas leis serem cumpridas


A busca de metais preciosos, ouro e prata
Riquezas mil, diamantes e esmeraldas
E a mão de obra dos senhores de engenho
Intensificou-se na escravidão pirata.
A bandeira que foi luz já não desfralda
E o timão que os guiou, passou a lenho.


O ciclo do ouro


E aquilo que uma ilha parecia ser
Era quase um continente em extensão
De exuberante fauna e densa flora
Com espécies desconhecidas a crescer
A cada caminhada a cada exploração
Como nunca tinham visto até outrora


Rios e arvoredos em profusão
Frondosas cachoeiras, lagos e cascatas
Com a descoberta de ouro e diamantes
No velho mundo, provocou repercussão
Dois séculos após a exploração das matas
O achado de riquezas importantes


Homens e mulheres, uns novos, outros velhos,
Plebeus e nobres, fazendo fuxicos
Clérigos e religiosos de várias seitas
Na terra descoberta meteram o bedelho
Pois todos queriam fortuna, ser ricos
O caminho das minas, doses perfeitas


A busca do ouro a desordem gerou
Quando no ano de mil setecentos e dez
Mil paulistas tentavam precaver-se
De setenta mil forasteiros. Fracassou
porque a coroa sem controle de lés-a-lés
Temendo sua opulência não os apoiou


Como resultado das crescentes desavenças
Ocorreu a dita Guerra dos Emboabas.
Mas de lavra em lavra, barranca em barranca
Os garimpeiros paulistas sem licenças
Na busca de outros campos, outras tabas
Buscaram jazidas, onde a lei é franca


Formavam uma população errante,
Que se deslocava ciganamente
Em busca do ouro aluvial ou de minas
Outros, levaram a pecuária adiante
Na vontade que o costume lhe consente
Se a tanto ajudassem prados e campinas


Escravidão no Brasil


Na primeira metade do século XVI
Teve início no Brasil a escravidão
Por navios negreiros conduzidos
Para mão-de-obra escrava dos coronéis
Nos engenhos de açúcar em servidão
Os negros da África eram trazidos


Na cana de açúcar ou minas de ouro
Tinham de trabalhar de sol a sol
Com alimentação de baixa qualidade
Recolhidos nas senzalas com desdouro
Acorrentados desde a noite ao arrebol
Seus senhores deles não tinham piedade


Mil castigos ainda lhe eram infligidos
Sendo o açoite entre eles o mais usado
Amarrados ao lenho eram chicoteados
Até ficarem prostrados, desfalecidos
Como se seu amo fosse recompensado
Por seus desatinos banais e impensados


As restrições eram tantas e tamanhas
Que mesmo apesar de acorrentados fugiam
Das sevícias continuas e desumanas
E aos poucos em inédita façanha
Criaram quilombos onde se protegiam
E onde a liberdade tinha forma humana


Foi na metade do século XIX
Os Ingleses, tanto tráfico haviam feito
Passaram a contestar a escravidão
Ditando lei que aprisionar aprove
Navio nessa prática ao mar afeito
Carregue em seus porões, dita nação


Só em mil oitocentos e cinqüenta o Brasil
Pôs fim ao ignóbil tráfico negreiro
Para vinte e um anos depois aprovar
A Lei do Ventre Livre com o perfil
Da liberdade. Foi o pendão pioneiro
Que a Lei Áurea acabou por expressar



TIRADENTES


O apagar das luzes do século XVIII
Com o esgotamento das minas a Coroa
Ávida na cobrança de impostos, instituiu
A Derrama que consistia pelo intróito
Cobrar de cada um com força de leoa
Uma quota d’ouro que suado auferiu


A Casa da Fundição foi reprimida
Tal punição, foi violência acesa
Quando morto seu líder Felipe Santos
A repressão à liberdade foi vencida
Pela influência da Revolução Francesa
Criou o desejo de liberdade, entre tantos


Surgiu um movimento pela liberdade
Na busca de igualdade e conhecimento
Sob o signo: “Liberdade ainda que tardia”
E no auge da expansão e densidade
Por um traidor, foi delatado o movimento
Em troca do perdão por tudo que devia


Joaquim Silvério dos Reis, era seu nome
Que levou à forca e ao esquartejamento
O alferes Joaquim José da Silva Xavier
A cabeça decepada até que o tempo consome
Fixada num poste, em puro atrevimento
Em plena Vila Rica, para estremecer


O anseio de liberdade e de igualdade
Que o pensamento filosófico Francês
Face à Revolução recente, acontecida
Influenciou esse grupo por liberdade
Clamando contra o domínio português
Que sufocado teve a chama extinguida


Dom JOSÉ I
A era do Marquês de Pombal


Em 1750, morre Dom João V,
Aquele que por fausto, luxo e poderio
Ao rei francês Luis XIV comparado
Deixa o reino em grave crise, faminto
De ouro e diamantes o cofre vazio
Tesouro que d’colônia havia transportado


Sucede-o Dom José I, bragantino
Que para o cargo de secretário de estado
Escolhe Sebastião José de C. e Melo
Marquês de Pombal por força do destino,
Para superar dificuldades do estado
E reerguer o combalido reino, com zelo.


Incentivou o comércio e a agricultura
‘streitou relações com a colônia Brasil
Capitanias hereditárias extinguiu
Ao desvio d’ouro e diamantes, linha dura
Enérgico e cruel, era seu perfil
Os Jesuítas de cá e de lá baniu


Transferiu a capital de Salvador
Para São Sebastião do Rio de Janeiro
Criou no Rio, o Tribunal da Relação
De companhias de comércio, ordenador
Adotou medidas em que foi o pioneiro
A controlar as jazidas e extração.


Em 1755, um terremoto
Arrasou toda a cidade de Lisboa
Na reconstrução imprimiu sua marca
E quando o povo ficou sem um proto,
2,5 milhões de toneladas de ouro amontoa
Milhões d’quilates de diamantes tira d’arca


E cheio de energia e dinamismo
Lisboa inteira a seus pés reconstrói
Dois anos após, falece Dom José I
Assume Dona Maria, sem civismo
Pela doença que sua mente corrói,
E aí o Marquês, foi o imolado cordeiro...


A Corte Portuguesa no Rio de Janeiro (1808-1821)
D. JOÃO VI


Aos 10 de fevereiro de 1792
Assume regência em nome de sua mãe
Dona Maria, em razão da doença
Em nome próprio, sete anos depois.
No ano sete, do século XIX, vem
A ameaça de invasão francesa, pretensa


Pois com o advento da Revolução Francesa
Uma luta contra os países absolutistas
Tinha iniciado e sentiam-se ameaçados
Por isso a vinda da coroa Portuguesa
Fugia às sanhas de Napoleão imprevistas
E ao Bloqueio Continental criados


Assim, às pressas nesse final de ano
Uma esquadra composta de oito naus
Três fragatas, vinte navios mercantes
Zarpa rumo ao Brasil cruzando o oceano
Acomodando quinze mil pessoas no caos
Aportaram em Salvador os viajantes


Com pulgas, piolhos, imundos e fedidos
Chegando um mês depois ao Rio de Janeiro
Final da travessia, do sofrimento
A corte se instala em prédios cedidos
Por ordem de lei determinando, primeiro
Dar o segundo bem aos migrantes sem assento.


Dom João, logo após aportar na Bahia
Assinou a Carta Régia abrindo os portos
Revogou a proibição de manufaturas
Abre tecelagens p’ra crescer a economia
Criou o Banco do Brasil e outros confortos
Oferecendo ao Brasil novas estruturas


Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves
Elevou. para, com a morte da rainha
Em mil, oitocentos e dezesseis, suceder-lhe
Com o título Dom João VI, sem adarves.
No Rio, foi coroado como convinha
E uma soberana nação, prover-lhe


A revolta de Pernambuco enfrentou.
Em 1821, regressou a Portugal,
P’ra acalmar ânimos dos reinóis indignados
Dom Pedro regente do Brasil nomeou
Passando a nação soberana. A antes colonial
Promovendo também importantes tratados.


Independência do Brasil

7 de setembro de 1822


O fato histórico de maior relevância
É o que marca a Independência do Brasil,
Não só pela conquista política
Como também pela grande importância
De marcar o fim do domínio servil
Ao governo que Tiradentes fez crítica.


O príncipe D. Pedro, teve sondado acesso
A fim de conquistar e obter sua adesão
À nobre causa para o poder da nação
E ao receber carta exigindo o regresso
Abolindo a regência, às Cortes disse não
Permanecer no Brasil, foi sua decisão


Assim a nove de janeiro de 1822,
Por um Brasil independente pronunciou...
- Se é para o bem de todos e felicidade
Geral da nação, diga ao povo que “Fico”
Nesta decisão, José Bonifácio se destacou
Quando a paz é almejada, há liberdade


Tomou medidas que desagradaram Sua Alteza
E à metrópole, pelo caminho que trilhava
À independência. Organizando a Marinha de Guerra
Repatriando todas as tropas portuguesas
E uma Assembléia Constituinte convocava
E que, sem o “cumpra-se” toda a lei caia por terra


Voltava de Santos, quando chegou ao Ipiranga
Paulo Bregaro correspondia lhe trazia
Dom Pedro agoniado por uma disenteria
Ao Padre Belchior pediu ler as cartas, de tanga
E tremendo de raiva, de volta as pedia
Pisou-as no chão e um grito se ouviu


Era sete de setembro a independência proclamou
Às margens do riacho do Ipiranga, oh! Céus !
Fazia um sol de verão, o céu cor de anil
O Príncipe desembainhou a espada e gritou
- Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus,
juro fazer a liberdade do Brasil”


A história diz que levantou a espada e gritou
- “Independência ou morte”, dístico de ouro
Que mandou seu ourives Lessa fazer
Numa fita verde a amarela o colocou
No braço, indo ao espetáculo sem desdouro
Quando foi chamado rei do Brasil, sem ser.


Primeiro Reinado (1822-1831)
D. PEDRO I

A Constituição de 1824
E o predomínio do Partido Português
E a oposição ao autoritarismo
Geraram momento crise, o retrato
Atrelado à baixa do preço dos cafés
Levou o Governo Imperial a um abismo


O liberalismo era oposto ao mercantilismo
Praticado pelos Estados absolutistas
E favoráveis à redução do poder
Dividindo em três esferas de civismo
Executivo, Legislativo e Judiciário
Na esperança de um equilíbrio obter.


Agravando a crise, em mil, oitocentos e vinte e cinco
Eclodiu a Guerra Cisplatina e a perda
Da província e a independência do Uruguai
O conflito durou três anos com afinco
Até que a tropa já cansada e lerda
Reconhecendo a independência sai


Deixando o governo mais enfraquecido
A insatisfação com os gastos militares
Desgaste aliado à outorga da lei maior
Ao grandioso empréstimo contraído
O Banco do Brasil indo pelos ares,
Fez crescer a oposição ao Imperador


E querer conservar o Poder Moderador
Gerou em seu reinado sérios conflitos
Agravada pelo problema financeiro
Minaram a popularidade do Imperador
Não conseguindo reverter estes atritos
Abdicou ao trono, do reinado primeiro.


Período Regencial
(1831 - 1840)


A abdicação de Dom Pedro criou um vazio
A nação continuou mergulhada no caos
Aumentando a incerteza quanto ao futuro
A disputa pelo poder. Verdadeiro desafio
Os ânimos se acirraram em todos os degraus
Foi para todos envolvidos um apuro


Os integrantes do partido brasileiro
Eram os moderados favoráveis às reformas
E os restauradores partidários a D. Pedro
Do partido português o escudeiro
E os liberais radicais de outras formas
Chamados farroupilhas, contra Pedro.


O agravamento da situação econômica
E o anseio de uma maior participação
Das camadas popular e da classe média
Duas correntes em disputa gnómica
Aristocracia rural em oposição
Aos liberais exaltados querendo a rédea


do poder. Eles que haviam-se aliado
Para derrubar D. Pedro do poder
Lutavam agora entre si, decepcionados
Ante a impossibilidade do fim colimado
Três as tendências políticas, a saber:
Restauradores, liberais e moderados


Nesse quadro de agitações políticas
Organizar o Governo era imperioso
De lês a lês, o clima era de agitação
Explodiam conflitos, sobravam criticas
Aguardando Pedro de Alcântara, majestoso
Atingir a maior idade e/ou emancipação


Neste período uma Regência Provisória
De setenta dias sua curta duração
Outra, com Bonifácio, a Trina Permanente
Por acerca de quatro anos na história
Quase cinco a Una, até à emancipação
Com Feijó e Araújo Lima à sua frente


Segundo Reinado (1840-1889)
D. PEDRO II


O período regencial que se prolongou
Por toda a década de mil, oitocentos e trinta
Foi uma das fases mais conturbadas da história
Que a unidade do império feriu e ameaçou
De tal forma que minha exposição sucinta
Não permite os detalhes de toda a trajetória


A ponto de introduzir o Ato Adicional
À Lei Maior para fortalecer o poder
Dando às províncias um mínimo de autonomia
Para não impor repto ao poder central
Como a revolução farroupilha em vigor
Criando a República Piratini, logo extinta


O movimento farroupilha Laguna,alcançou
No ano de mil, novecentos e trinta e nove
Onde instalou a República Juliana.
As tropas legais que Caxias comandou
Impôs derrotas nas batalhas que promove
O ponto final na guerrilha desumana


Havia ao mesmo tempo outras insurreições
A Cabanagem, luta entre Rio Negro
E Grão-Pará, atual Amazonas
Desejando de Belém separações.
Outra, a Baialada e, se todo esforço emprego
No Maranhão uma das vis intentonas.


Por grupo que se opunha ao Ato Adicional.
Outra insurreição chamada Sabinada
Ocorria em Salvador e Feira de Santana
Defendia a autonomia provincial
Querendo impor naquela situação gerada
Um governo de tendência republicana.


E foi entre as agitações políticas e sociais
E o perigo da divisão territorial
Que em junho de mil, oitocentos e quarenta
A antecipação da maioridade pelos liberais
Consta apreciação da Câmara em seus anais
Com menos de quinze anos, liberto da placenta


E assim, subiu ao trono Dom Pedro II,
Na esperança de agregar todas as tendências
Em torno do jovem, o novo Imperador.
Foi criado um ministério que a fundo
Governava tal qual, como nas regências
Face à prematura idade do Imperador


Os irmãos Andradas e os Cavalcanti
Formavam o novo gabinete imperial
Seu partido de Liberal, só tinha o nome
Era discricionário, predominante
O cacete, era o regime eleitoral
Nas eleições realizadas seu cognome


Os partidos Conservador e Liberal
Tanto um como o outro eram integrados
Pelos grandes proprietários escravistas
Cujo interesse recíproco unilateral
Era antidemocrático e irracional
Imotivado de idéias progressistas


Entre ambos, não havia diferenças profundas
Já que as duas correntes concordavam
Manter a monarquia e o regime servil
E apesar de tamanhas barafundas
Liberais e Conservadores se revezavam
Na presidência dos ministros do Brasil.


O ministério mais eficaz da monarquia
E o que mais consolidou a política
Centralizadora, foi o de Olinda
Aquele que o tráfico negreiro suspendia
Com lei que impôs ao tráfico, malgrado a critica
A monocultura cafeeira florescia.


Nesse mesmo ano de mil, oitocentos e cinqüenta
Nosso Código Comercial foi promulgado,
Vigorando até hoje em nossos Tribunais
Neste reinado, novo horizonte se apresenta
Dois anos depois o telégrafo instalado
Em seguida a primeira estrada de ferro brasileira


Um novo horizonte se descortinou neste reinado
Com a extinção do tráfico o fluxo de capital
Passou a ter outra demanda na economia
Em atividades financeiras e de mercado
Acentuado aumento na produção industrial
Com a aplicação dos recursos sem tirania


Dir-se-ia que um novo país despontava
Mas mesmo assim, os conchavos e intrigas
Fomentavam sob influência da facção áulica
Face à supressão do tráfico iniciada
As aguerridas oposições inimigas
Despontavam nos deputados a futrica


A razão era simples, toda a economia
Desde a época colonial estava pautada
No trabalho escravo e deste prescindia
Só a Lei Euzébio de Queiroz reprimiria
O tráfico negreiro, no clamor duma virada
Entre conservadores e progressistas


Após o malogrado gabinete Zacarias
No segundo, impondo ares de moral e justiça
Aposentou velhos ministros da alta corte.
Pela abolição gradual da escravatura
A situação se agrava e incita a guerra
No Uruguai, prelúdio da do Paraguai


Estendeu-se a monocultura cafeeira,
Do vale do Paraíba ao Rio e Minas,
Mas a florescente lavoura prescindia
Da mão de obra escrava e costumeira
Gerou insurreição, a quebra de rotinas
Em lutas partidárias, repúdio maior


À monarquia.; em prol d’idéias liberais
Que varriam a Europa no século XIX
A favor da república e reforma total
Num Manifesto, que se opunha aos reais
poderes pessoais do Imperador, remove
Sob os efeitos da guerra do Paraguai


Aos 3 de dezembro de 1870 é publicado
O manifesto de mudança republicano
De não pela resolução, mas pela evolução
O ministério São Vicente é derrubado
pelos liberais. Mas a situação decano
Com Rio Banco manteve a mesma situação


Em maio de 1875, quando era
Vista a situação em franco progresso
Deteriora-se com a crise bancária
Uma terrível seca, grave e mortífera
Com perdas de homens, recursos e preços
Impelindo os nordestinos a outra área


Evidentes sinais que chegava ao fim.
A crise prolonga-se até 1886
Quando em Londres o país faz empréstimos
Porém, já tarde de mais para o festim
O prestígio do monarca começa a declinar
Com acirradas críticas aos seus préstimos.


Na última década do governo de Pedro II
O poder monárquico teve dez governos
Com pontos de vista diversos ou opostos
E houve quatro legislaturas no período
As três primeiras autorizavam nada menos
Que dissolver a câmara. A quarta perdia posto


Impedida pela implantação da república.
Nos dois últimos anos que a antecederia,
Ficou o Imperador gravemente doente
Embarca para a Europa deixando pública
Na regência a princesa Isabel, assumia
Decretou a Lei Áurea, escravidão não consente


A situação, passada a onda de euforia
Ganha corpo a campanha republicana
Medo do reinado da princesa e Conde d’Eu
O prenúncio do terceiro Reinado, seria.
Com a ausência de Dom Pedro sobe a gana
Dos que se batem contra o emperro do regime.


Aos vinte e dois de agosto de 1888
Regressa D. Pedro II da Europa
E é recebido sob acolhida triunfal
Calorosa manifestação, o povo afoito
Dava mostras de fidelidade e toda tropa
Mostrava adesão e aplausos sem igual


Dom Pedro não era mais o mesmo homem
Cioso de seu poder e diligente
Como sempre foi antes de adoecer
Por sua vez a libertação dos escravos
Gerou insatisfação nos fazendeiros
Os militares também estavam descontentes


A supremacia do poder civil ao militar
A oficialidade não via com bons olhos
Os primeiros sinais foram as punições
Aplicadas ao coronel Alexandre Vilar
Em seguida ao tenente–coronel Madureira
E ao coronel Ernesto Cunha Matos


Esse reflexo gera mal-estar e o senado
Em manifesto do Visconde de Pelotas
E do Marechal Manuel Deodoro da Fonseca
Exprimem desapontamento, dão o recado
E mostras da força do exército em suas botas
E o Clube Militar ficou levado da breca


No ministério Visconde de Ouro Preto
Novos incidentes entre militares e governo
Acusando aqueles de insubordinação
E de incidente em incidente chega outubro
Quando se iniciaram as articulações
Entre militares descontentes e republicanos


A exaltação militar expandia-se
Nada os intimidava o desafio lançado
Benjamin Constant procura atrair
Deodoro, para o golpe finalizar-se
Presidente do Clube Militar a seu lado
O grosso da tropa poderiam atrair


Foram recebidos por Deodoro em sua casa
Quintino Bocaiúva, Francisco Glicério,
Aristides Lobo e também Rui Barbosa
Deodoro mostrou-se esquivo e reservado
Por derradeiro, acabou levando a sério
Na revolta sua missão seria a militar


E, assim, quatro dias depois o exército
Aos 15 de novembro de 1889
Sob o comando de Deodoro da Fonseca
Em nome daquele, da armada o do povo
Pôs fim à monarquia e ao Império
Com a proclamação da República



Poesia em elaboração (até à república) 23/04/2007


São Paulo, 14 de abril de 2006
Armando A. C. Garcia

Visite meu blog: http://brisadapoesia.blogspot.com
E-mail: armando
[email protected]