AS OLIMPÍADAS, OS LEGADOS E OS PREFEITINHOS
Hoje é o último dia das Olimpíadas RJ 2016.
A abertura foi linda, emocionante e contagiou o mundo todo conforme registros na mídia em geral.
Os jogos provocaram impactos dos mais diversos na população. Alguns registros mostram que pessoas que jamais praticaram e/ou assistiam transmissões esportivas ficaram encantadas e até torcendo para atletas e equipes, mesmo não sendo nacionais.
O caso do genial Bolt é um exemplo evidente que até uma varredora de rua fez uma analogia, sem ter clara noção disto, mas relacionou o seu trabalho com o desempenho do jamaicano Usain Bolt. Disse ela algo assim: "È o Boltz lá e eu aqui, e vamos em frente!".
A pronúncia com um 'z' adicional em nada desmerece a linda analogia que me revelou algo de entusiasmo, auto-estima e alegria diante dos obstáculos naturais de seu trabalho em uma empresa terceirizada pela prefeitura.
Mas o legado das Olimpíadas RJ 2016 será que restringe-se somente a isto? Aumento da audiência de expectadores nas TVs ou os comentários sobre as medalhas de ouro, prata e bronze?
Ou ficam como legados os registros de casos como aquela atleta que caiu durante a prova e outra competidora deixa a corrida de lado para socorrê-la e 'caminhar' com a mesma até a linha de chegada?
Creio que um legado maior foi desprezado pela imensa maioria dos prefeitinhos das cidades deste país. Senão vejamos.
Diante da enorme expectativa que antecedeu a abertura das Olimpíadas RJ 2016, com transmissões pelas rádios, TVs, internet, celulares e também pelos jornais impressos; os incompetentes gestores públicos (prefeitos, secretários/diretores de esportes, de cultura, de turismo, da cidadania, da criança e adolescentes, da Terceira Idade, entre outros) poderiam ter aproveitado o clima motivacional para uma revolução proativa e psico-social no seio da população.
Então imagine, por exemplo, grandes telões em praças públicas para a transmissão dos jogos e com a intensa divulgação nas escolas, supermercados, centros de saúde, empresas, ONGs, rodoviárias, rádios e jornais locais.
Imagine também agregando ás tais transmissões públicas diversos focos de contaminação proativa de todos os habitantes, através de concursos de poesia como também de redação que seriam expostos em murais nestas praças.
Também imagine, se puder, competições diversas envolvendo diversas faixas etárias como jogos inusitados como: bolinha de gude, andar com pernas de pau, empinar pipa (sem cerol pois é crime), pular amarelinha, pular corda, as 'cinco Marias' (jogo com pedras), Bambolê, o jogo do Pião (pião de madeira enrolado num barbante), dominós, dama, xadrez, trilha, jogos com palitos e daí para a frente...
Imagine as Olimpíadas 2016 nestas cidades, com concurso de esculturas ao vivo, com concurso de danças misturando jovens e idosos, com provas do jogo de soletração virando moda nas cidades, com jogos de palavras cruzadas e tudo isto com patrocínios de empresas e com premiações simbólicas.
Imagine concurso entre alunos para edição de jornais e reportagens, fotos e reciclagens de materiais, composição de clipes e vídeos temáticos sobre cidadania e vida em comunidade, e assim por diante.
Nada de prêmios em dinheiro, mas troféus e diplomas valorizando sim a participação, integração, a criatividade, a inovação nas relações comunitárias, etc...etc.
Tudo ao vivo e a cores nas praças para 'tirar' as pessoas da TV e do isolamento psico-social cada vez mais crescente.
E no final do ano os prefeitinhos poderiam realizar as Olimpíadas Regionais 2016 envolvendo várias cidades em um clima de encantamento, diversão, criação, construção de conceitos de cidadania, etc.
Faltou só imaginar. Só imaginar.
Mas estes prefeitinhos, seus gestores e até assessores acadêmicos não tem a visão para tal 'ostentação' de criatividade. São pobres e medíocres demais para tal expectativa.
Ou pode ser até que nem tenham tempo para tal ousadia, pois estão focados em outros jogos que fazem parte do POKEMON VOTO.
Que pena que as Olimpíadas RJ 2016 chegaram ao fim, já na segunda-feira um prefeitinho estará tomando seu vôo de retorno para a sua cidade natal que o deveria receber com vaias e medalhas de 'porco inútil'.
A realidade está chegando nesta segunda feira a bordo com o prefeitinho deixando o RJ com sua comitiva, com notas de empenho para a prefeitura pagar e sua campanha eleitoral que tem mais descrença que credibilidade; mais desinteresse que participação; menos compromisso com promessas e mais demagogia 'á beça'.
Que pena que o legado das Olimpíadas 2016 seja pequeno demais ou nenhum para a grande maioria das cidades brasileiras, pois a competência mental de seus gestores é equivalente a de um porco nojento diante de uma medalha de ouro.
Este, o porco, não sabe nada de valores, esforço, superação, imaginação, criatividade, ousadia e principalmente quanto a realização de sonhos coletivos.
Tito, psicólogo organizacional
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21 Agosto 2016