Junqueira Freire

Junqueira Freire
Luís José Junqueira Freire foi um poeta brasileiro. Sua obra lírica divide-se em religiosa, amorosa, filosófica, popular e alguma poesia social, de tom declamatório, precursora de Castro Alves. Participou da segunda geração romântica.
Romantismo
Nasceu a 31 Dezembro 1832 (Salvador, Bahia, Brasil)
Morreu em 24 Junho 1855 (Salvador, Bahia, Brasil)
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O Remorso da Inocente

III

Cisma a virgem mansamente
Em pensamentos do céu,
Mais cândida que as rolinhas,
Mais cândida que seu véu.

E cismava: — Ai! que eu não seja
Tão pura no meu amor:
Tão pura — como este raio
Da lâmpada do Senhor! —

E cismava: — Ai! que eu não seja
Já para Deus menos bela,
Como a bonina que murcha,
Que eu arranco da capela! —

E cismava: — Ai! que eu não tenha
Um crime, sem eu saber!
Qual será? — Ontem de noite
Eu não pude adormecer! —

E cismava: — Ai! que eu não seja
Menos linda ao meu Senhor!
Já hoje eu corri do claustro:
Dos mortos tive temor... —

E cismava: — Ai! que eu não seja
Ré de um crime que eu não sei,
Bem como o inseto escondido
Na rosa qu'ontem cortei! —

Ei-la, a cisma da donzela,
Da filha da solidão.
Ei-lo, o remorso que esconde
Nas dobras do coração.


Publicado no livro Inspirações do Claustro (1855).

In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.2, p.11

NOTA: Poema composto de quatro parte