Toquei um nome quando a luz amanhecia.
Era uma ferida menor do que um suspiro.
Ondulava um campo, um luminoso mar.
Nada podia faltar porque as palavras o diziam.
Imediata era a sede, o coração na espuma.
Cheguei e era o espaço, a suave inteligência
de um corpo. Eram pálpebras e lábios.
Era um pássaro, o pulsar de uma pedra, os dedos
como um sopro cálido, o vento nos cabelos.
Era leve a nudez e a frescura da sombra.
Nasci dormindo, sonhando, abrindo os olhos
num pleno descanso transparente. Conheci
a realidade completa do desejo, o diamante
da água. Voluptuosa, a folhagem estremecia.
Eu adormecia a teu lado como um puro esquecimento.
Tu erguias-te da penumbra vegetal. Uma mulher
nasce sem cessar. Tu ardias na aresta azul
do horizonte. Um pássaro cantava
no centro de uma árvore. Eu vibrava
numa terra imóvel, num país imenso.