Machado de Assis

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis foi um escritor brasileiro, amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional.

1839-06-21 Rio de Janeiro, Brasil
1908-09-29 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
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Prémios e Movimentos

Romantismo

Alguns Poemas

Pálida Elvira

A Francisco Paz

Ulysse, jeté sur les rives d'Ithaque, ne les
reconnait pas et pleure sa patrie. Ainsi
l'homme dans le bonheur possédé ne reconnait
pas son rêve et soupire

DANIEL STERN
I

Quando, leitora amiga, no ocidente
Surge a tarde esmaiada e pensativa;
E entre a verde folhagem recendente
Lânguida geme viração lasciva;
E já das tênues sombras do oriente
Vem apontando a noite, e a casta diva
Subindo lentamente pelo espaço,
Do céu, da terra observa o estreito abraço;

II

Nessa hora de amor e de tristeza,
Se acaso não amaste e acaso esperas
Ver coroar-te a juvenil beleza
Casto sonho das tuas primaveras;
Não sentes escapar tua alma acesa
Para voar às lúcidas esferas?
Não sentes nessa mágoa e nesse enleio
Vir morrer-te uma lágrima no seio?

III

Sente-lo? Então entenderás, Elvira,
Que assentada à janela, erguendo o rosto,
O vôo solta à alma que delira
E mergulha no azul de um céu de agosto;
Entenderás então por que suspira,
Vítima já de um íntimo desgosto,
A meiga virgem, pálida e calada,
Sonhadora, ansiosa e namorada.

(...)

VI

Era uma jóia a alcova em que sonhava
Elvira, alma de amor. Tapete fino
De apurado lavor o chão forrava.
De um lado oval espelho cristalino
Pendia. Ao fundo, à sombra, se ocultava
Elegante, engraçado, pequenino
Leito em que, repousando a face bela,
De amor sonhava a pálida donzela.

VII

Não me censure o crítico exigente
O ser pálida a moça é meu costume
Obedecer à lei de toda a gente
Que uma obra compõe de algum volume.
Ora, no nosso caso, é lei vigente
Que um descorado rosto o amor resume.
Não tinha Miss Smolen outras cores;
Não as possui quem sonha com amores.

VIII

Sobre uma mesa havia um livro aberto;
Lamartine, o cantor aéreo e vago,
Que enche de amor um coração deserto;
Tinha-o lido; era a página do Lago.
Amava-o; tinha-o sempre ali bem perto,
Era-lhe o anjo bom, o deus, o orago;
Chorava aos cantos da divina lira...
É que o grande poeta amava Elvira!

IX

Elvira! o mesmo nome! A moça os lia,
Com lágrimas de amor, os versos santos,
Aquela eterna e lânguida harmonia
Formada com suspiros e com prantos;
Quando escutava a musa da elegia
Cantar de Elvira os mágicos encantos,
Entrava-lhe a voar a alma inquieta,
E com o amor sonhava de um poeta.

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Publicado no livro Falenas: Vária, Lira Chinesa, Uma Ode a Anacreonte, Pálida Elvira (1870). Poema integrante da série Pálida Elvira.

In: ASSIS, Machado de. Obra completa. Org. Afrânio Coutinho. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v.3, p.69-71. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira).

NOTA: Poema composto de 97 oitavas
Machado de Assis (Rio de Janeiro RJ, 1839-1908) começou a trabalhar aos 16 anos, como tipógrafo aprendiz da Imprensa Nacional. Aos 18, entrou na tipografia de Paula Brito, que publicava o jornal A Marmota Fluminense, onde saiu seu primeiro poema, Ela, em 1855. Nos anos seguintes trabalhou como cronista, crítico literário e teatral de vários jornais, entre eles Correio Mercantil, Ilustração Brasileira, Gazeta de Notícias. Seu primeiro livro de poemas, Crisálidas, foi publicado em 1864. Em 1873, foi nomeado primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas; a partir de então teve, como servidor público, uma carreira que lhe deu estabilidade financeira e lhe permitiu dedicar-se mais às atividades de escritor. Em 1897 foi eleito o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, da qual foi um dos fundadores. A poesia de Machado de Assis, considerado o maior romancista brasileiro, é de temática amorosa e, no livro Americanas, Nacionalista. Seus versos dos primeiros livros, Crisálidas e Falenas (1870), revelam a influência de padrões românticos; já em sua fase realista, o autor produziu sonetos parnasianos, nos quais se destacam a preocupação formal, revelada por versos bem metrificados e rimados, e o apuro da linguagem, que passa a expressar o o famoso “pessimismo machadiano”.
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LINDO POEMA ASSIS! NÃO ENTENDI FOI NADA ;-;
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lindo lindo, isso e que e um poeta!!!!:
17/novembro/2020
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lindo adorei!!!
02/outubro/2020
Adriana Rodrigues
Uma preciosidade!
17/junho/2020
Park_Marie
incrivel
01/maio/2020
Gabrielli
Amo esse poeta e todos os poemas dele
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Adam
A grama do vizinho é sempre mais verde!
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