Carta ao inexistinatário
Mestre, querido Mestre
Te escrevo isso
Pois não há mais que fazer
Te escrevo isso em pulsões
Em espasmos de versos
Absolutamente fora de ritmo
Absolutamente fora de mim
Ah! Meu Mestre.
Se ao menos eu soubesse quem tu és
Se ao menos eu soubesse quem eu sou
Talvez assim não precisasse te escrever
Talvez aí nem sequer precisasse escrever
Escrevo porque algo falta. Porque tudo falta
Carência de tudo, mesmo que tenha tanto
Súplica pelo transbordar em tudo, que só
[é possível em ti
Ah! Mestre transbordativo.
Mestre de todos os ofícios
Chave micha das fechaduras
de todas as portas que me trancam.
— Vem e liberta-me
03-12-2020