Rodrigo Conte Cunha

Rodrigo Conte Cunha

1978-03-07 Belém do Pará
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Alguns Poemas

Por onde anda você?

Por onde anda você?

O amor por tantos notórios citado

Que inspirou tantos apaixonados

Declarado, revelado, anda escondido e censurado

A quem Clarice Lispector se referiu, dando a ele a conotação de única salvação, fonte de onde ninguém se perde enquanto correspondê-lo

Onde Saint-Exupéry definiu enquanto a própria razão, por ser completo em si; que as razões para amar não existem, pois são o próprio amor...

Que sobre ele Drummond também se debruçou, numa delas, no sentido de que "[...] nossa capacidade de amar é limitada, e o amor infinito; que este seria o drama".

"Amar é a única coisa que pode ocupar a eternidade. Ao infinito é necessário o inesgotável", Victor Hugo escreveu

E assim, poderíamos seguir fazendo citações e citações acerca dele e suas nuances

E tamanha significância por parte da humanidade revela o quanto uma única palavra representa tanto aos homens; resume o maior e mais duradouro sentimento entre nós

Um sentimento de união, que liga, de afeto, carinho, que pressupõe reciprocidade mas, que acima de tudo, clama pela sua prática

E só funciona assim!!!

E como tem nos faltado praticá-lo...

Por onde anda você ?

Por onde se esconde

Por que tantos teimam ignorá-lo, disfarçá-lo?

Por que silenciá-lo, como se vivê-lo pleno e intenso fosse uma vergonha, um gesto de fraqueza ou derrota?!

E o mundo cada vez mais sangra, arde!!!

Falar de amor não tem rendido, não tem vencido; falar sobre ele cada vez mais está escondido...

E temos sofrido

Cada vez mais sofridos

E vamos, somos!

As relações têm se tornado fúteis, rasas, imaturas, circunstanciais

A caridade, o afeto, o carinho, o perdão têm adormecido

Palavras que simbolizam seus princípios

Andam teimando e teimando em deixá-las de lado, e ele vai ficando para trás

E falar sobre ele é sinônimo de ridículo e ultrapassado

Um clima de insegurança, uma mistura de tragédias humanas têm sido valorizadas

As vicitudes estão se sobrepondo às virtudes

E a dor rende

A dor vende

A tragicidade desperta

O interesse comprado

E a prática do amor, enquanto elo que deveria simbolizar as relações para nós

Tem se perdido

Tem deixado em silêncio a orquestra

E ainda que humanização ande em voga

O amor, querendo ou não, é o instrumento que alicerça as relações e não anda na moda

Ele que incrementa a alma

Alimenta a esperança

Constrói a história

Um quente coração

Que sempre pulsará por suas andancas

Ainda assim continuará sendo a única menção que revela ao homem sua continuidade pela vida

Deve ser resgatado, homenamente, da memória

Para continuar dando sentido à sua ida.

Quando tu passas...

Se um dia fraquejei e questionei,
contestei e duvidei
se um dia me perdi e sumi...

Ah Nazá!
Quando Te vi passar...

Encontrei-me e diante de Ti, resgatei a crença então debilitada
De pecador, enraizado em coisinhas carnais, arrebatei-me por um encantamento,
clamei por misericórdia...
Fui resgatado. Assim como tantos outros...
E agora, de sempre em sempre...

Ah Nazá!
Quando Tu passas...

Recluso em mim, recupero a sanidade, das lamúrias faço a cor,
sobre a tristeza arremesso o pó que um dia a mim ceifou...
fujo de mágoas e ressentimentos
Dantes um coração contrito,
hoje o está encapsulado pelo mais puro amor
Na expectativa por conhecer seu manto
Pelos caminhos que se estendem aos íntimos rios
Contaminados por Sua gentileza e pureza
Imersos nas estradas vêm os promesseiros
Todos anunciam Sua chegada por onde passam

Meu Pará enobrece-se por tão honrosa predileção!
E nossa amada Belém tanto se encanta e encanta
Enaltece seu povo envolto em satisfação
Sob o sol de um domingo sempre azul,
Da Sé ao Santuário, os sinos enlouquecem...
Todos somos partes do Círio,

Em devoção, circundamos a berlinda,
Na corda seguem milhares de abençoados
Festejamos, homenageamos...
E seguindo o caminho da procissão
Orando, cantando, buscando, aclamando
Revivemos a união, o sincretismo em torno da fé
Renovamos a esperança em busca de salvação
Ó Virgem de Nazaré!

Quanto às flores que ornamentam ao Seu redor; soberanas, sorridentes, iluminadas,
ciumento pelo bálsamo alheio, imagino-me dividindo o mesmo espaço para ficar tão próximo a Ti...

Ah Nazá!
Quando Tu passas...

Agradeço por estar e sentir, compartilhando da alegria com os meus e, suplicando para os homens a tua paz, emociono-me por poder refletir e interagir, resistir, sorrir
Envoltos por benquerer
Diante da Intercessora, junto ao Pai e ao Filho,
Milhares de intrépidos reúnem-se pelo perdão
E quando os olhos brilham e as lágrimas passam a escorrer
uma força incomum invade o peito e, também ao nosso Deus, por quem És exaltada e foste premiada, suplicamos por bênçãos aos fiéis...
Mãe de Jesus, a sublime escolhida para tão valiosa missão, quantos de nós, crédulos por seus generosos milagres, prostramo-nos diante de seu esplendoroso ser

Ah Nazá!
Quando Tu passas...

A certeza de que És o milagre do nosso povo
E então, sempre em sempre, Rainha...
Não mais somente quando Tu passas.

O vestido é seu!

Nada além das minhas palavras poderei lhe dar
Espero que através delas consiga lhe transportar e te fazer lembrar
Embora, pelo sentimento que possa imperar por aí
O som ecoe de forma menos saudosa
Nem tão interessante ou tocante assim
Mas
Teimoso, persistente, sempre respeitoso
Continuarei
E quão belo o tempo
Tempo raro, estonteante e curto em que fomos dois
E cogitamos, ainda que minimamente, estendê-lo por tempos e tempos
Da simplicidade das horas que trocamos confidências e carinhos
À complexidade do sentimento que brotou por aqui e me consome
Que me fez confirmar e ter a vontade de estender, de te levar por todo o resto que ainda me falta viver
E se há quem diga que o amor se mede por suspiros
O final abrupto expôs meu coração e por noites e noites ainda engulo no vazio
E suspiro, suspirei, suspirarei
Da mesma forma que o primeiro beijo jamais me saiu da cabeça
Tão difícil esquecer foi o último, e o penúltimo, e o antepenúltimo
Porque cada um foi único, intenso
E de últimos em últimos fomos levando, passo a passo
Até o verdadeiro último
Logo após um dos melhores momentos de todos os tempos
A decisão foi tomada e fere, arde, queima, machuca, faz doer
Um adeus tão forte e avassalador que me impede de te ver
E desde então, traço novas rotas, viajo por caminhos tortos
Dou voltas e mais voltas por esse mundão frio e cruel
Lá dentro, contudo, toda vez que lembro do teu último olhar e da despedida com um beijo
Me projeto adiante e, esperançoso e radiante, sonho com o reencontro
Se não fosse assim, esse não seria eu
Quem sempre lutou e aos poucos foi chegando
Ainda não fui!
E no dia em que te reencontrar
Não consigo prever mais o que poderá acontecer
Se te encorajaria a viver aqui ou, mais uma vez, me surpreenderia com uma nova fuga repentina por entre meus dedos
Até lá
Vontade por vontade eu tenho é de nunca esquecer
Torcendo pra que a realidade se encarregue de curar, cicatrizar até você voltar e encontrar um coração vigoroso e forte pra reviver
Eu poderia te dar um bouquet com as flores mais lindas
Um perfume raro, embora o seu cheiro seja o melhor entre os melhores
Poderia te dar cores em batons ou outra maquilagem...
Caixas de bombons recheadas de mensagens
Jóias para tentar iluminar ainda mais o que já é perfeito
Mas, diferente disso
Se eu pudesse escolher algo a oferecer além dessas palavras
Te entregaria a minha vida, humildemente, pra cuidar da sua
E te fazer a mulher dentre todas as mulheres
Quanto àquele vestido cochichado ao teu ouvido
No dia em que maduros nos encontrarmos
Estará separado e é de você!
Por ontem, hoje e não sei por mais quanto de mim adiante
Um amor queima, está aceso e nele eu só penso em te ter
Por ontem e anteontem
Inesquecível praze.
Nascido em Belém do Pará, é autor do blog conteatemil.blogspot.com.br, um espaço no qual expõe pequenos textos autorais através dos quais busca compartilhar as suas impressões do mundo no que diz respeito ao que emociona. A emoção enquanto conexão com os prazeres - ou desprazeres - da alma. Tornar isso público representa o desejo de contagiar, inspirar, emocionar.

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