Pele Negra

o toque na pele negra
abre as portas do Nilo
para a multidão de coisas da África
os ventos, os dias, os risos
o mato verde seco da selva
os azuis das lagoas, dos mares

um poema não muda a história
não muda que brancos invadiram as margens continentais de África
tocaram a pele negra
mataram a pele negra
escravizaram a pele negra

navios de cascos fétidos com suas paredes tumescentes
de cheiro de morte
de cheiro de dor

navios negreiros trazendo angustias às margens latinas
navios negreiros trazendo consigo cargas de poesia
navios negreiros levando consigo vidas roubadas de África

 

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