Rota de Ítaca



Mas se tenho de partir que de novo eu parta

é talvez bem melhor do que ficarem

meus pés no cais chumbados em argola

meus olhos no horizonte ao sonho a velejar.

 

Que eu parta. E assuma o risco de partir

fender a bruma sobre este coração cerrada

colher num bojador espinhos perfumados

partir e não saber em que angra fundear.

 

Largar amarras. Ir decifrando

quantos portulanos na vida houver a decifrar.

E se no fim faltar o cais para a chegada

o mar também é terra onde morar.

 

Marcolino Candeias (1952-2016)i n “Na Distância deste Tempo”

Edições Salamandra
38
2

Mais como isto



Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores