Ambrósia

Ambrósia

Sinelogicista. Psiconauta.

2000-07-14 Recife - PE
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As Senhoras

A mata é escura, profunda e linda. 
As senhoras guardaram presentes para minha eventual vinda.
Vou de encontro a um chapéu dourado num verde pasto;
em seu corpo cauleoso, a chave... 
Metálico o gosto de seu composto; a chave é ingerida com deleite e gozo.
A porta encontra-se entre o Sol flamejante e as planícies ao longe; a linha que delineia o horizonte.
O dourado emissário rasga através de minha mente o tecido da realidade aparente.
As plantas não tem dentes, mas sorriem a mim como se boas vindas dessem. Os ventos sussurram presságios de festa, e as árvores acenam como se o que está ocorrendo soubessem. 
Corredores infinitos de beleza, navego no bote do intelecto em um oceano aberto. Antes invisível aos meus olhos, contemplo o campo morfogenético; as cordas d'onde o ambiente molda suas vítimas e seus seletos... Engano meu pensar que estou no controle desta jornada; contemplo um mar onde beleza nunca mostra-se escassa... A face das Senhoras...
As Senhoras mostram-se em diversas mais escalas. Vejo ainda em minha mente, por detrás de meus olhos; um cripto-Deus multifacetado que canta estas e mais informações em ondas e pacotes de amor cósmico.
Todo buraco na parede ou chão é um eterno mistério para uma criança, que despeja sua criatividade numa torrente de suposições; inunda seu ser, que não consegue evitar em ver e mexer. O intermédio entre o exterior e o interior é o gatilho para o desconhecido conhecer, o rio de mercúrio que leva ao ouro alquímico; o mágico portal de onde qualquer objeto transcendental pode-se puxar.
Então criança fui de novo, e dos deleites terrenos fui esposo. O aroma excêntrico da Cannabis pegou-me atento, ainda no vasto mato adentro. Entre os imensos bambus a fumaça se espalha, seus tentáculos circundam-me e seu perfume não me falha. Mas que doçura, que textura! Que estrutura... Suas flores, caules, nervuras. Um ode à planta que cura; que afina os limites entre vigília e sonho com ternura. Fonte de muitas ideias, apaziguadora de muitas dores, tecelã de conversas, amizades; amores. 
Ah, Senhoras... Teu sou amante, teu sou poeta, teu, sonhador infante.
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