O natural é mais fácil...
O natural é mais fácil...
Não gosto de andar descalço, uma porque meus pés doem outra porque os pés ficam sujos. Gosto de andar de sandália bem confortados, daquelas que nossos pés ficam confortados, sem apertar e não muito larga ao ponto andar arrastando o calcanhar ao andar.
Mas quando se está no sertão a sandália só tem uma função, não deixar que os “cabeça de toro” entre em seus pés, porém existem alguns ousados que atravessam a chinela e cutuca seu calcanhar, parecendo que fincou uma agulha em sua alma de tanta dor.
No sertão onde fiquei por algum tempo, e também já narrei em outro conto, logo não repetirei aqui, o vento é constante e abundante. E estes não são agressivos, agem com gentileza, ecoando um cântico sem harmonia durante o dia e como uma serenata durante a noite fazendo você dormir tranquilo, embrulhado em uma coberta que mais transparece medo do que de frio.
Usar sandália nesse contexto, como já disse ante, só tem uma função, também já disse antes, a outra, fica a desejar. Os pés ficam sujos de poeira carregada de pó e também do próprio vento que ao andar tira o pó do chão dando-o vida e movimento. Nisso os pés ficam sempre envoltos com uma camada fina de pó vermelho que impregna como se fosse um tipo de maquiagem barata, que para sair, precisa de muita água e sabão.
A chinela segue o ritmo dos pés, ficam vermelhas, como foi o caso da minha, que era branca (inocente). Não adiantava lavar todos os dias, pois todos os dias estariam do mesmo jeito, lavando ou não lavando. Mas resolvia todos os dias lavar antes do banho. Mas como vocês sabem terra vermelha não sai fácil, além do mais se for recorrente o contágio.
Tudo na vida tem seu tempo certo, chegara meu tempo de voltar para minha realidade fantasia. Logo voltei para casa.
Assim como qualquer família que se programa para uma viagem, você não faz compras para deixar estocada sem usar. Então ao chegar em casa, a dispensa estava vazia, minha casa mais parecia uma igreja, só tinha água disponível. Então como um bom senhor do lar, fui ao mercado fazer algumas compras. Aproveitei o tempo que tinha e resolvi não ir de carro, mas aproveitar o ar e também fazer exercício.
Depois de ter feito as compras e voltado para casa, resolvi lavar minha sandália usada no sertão e na ida para o mercado. Não sei se vocês fazem isso, lavar o solado da sandália, acho que fica legal e com uma cara de nova. Mas quando olho para correia, lembro que não é nova, pois tem um prego atravessado onde havia um suporte para não deixar que a correia soltasse.
Então comecei lavando por cima, as correias, as laterais e por fim, o solado. Nesse instante percebi algo muito estranho, havia dois tipos de sujeira, a do sertão e a da cidade. Comecei a perceber uma distinção bem clara quando comecei a passa água e sabão no solado. Duas sujeitas, uma vermelha a outra preta. Por ser de cor mais forte, a cor do sertão ficou abaixo da sujeira da cidade.
Comecei a esfregar, esfregar, esfrega o solado para ver se aquela sujeira preta saísse do solado, mas apenas a vermelha começou a sair e preta continuou resistente às esfregaduras com uma escova de lavar roupa. Resolvi apelar para alguns produtos que me ajudaria nesse processo, peguei água sanitária e um sabão em pó e deixei um pouco de molho, após esfreguei novamente então a sujeira se foi.
Parece que quando as coisas são naturais são fáceis o lidar com elas, pois o que é natural sai com naturalidade, já aquelas que têm uma intervenção da mente humana, não sai com naturalidade, pois houver uma intervenção no processo de criação, logo para ser retirada, apenas com elementos criados pelo homem. O natural fica inoperante diante do elaborado pela mente humana, ou até sufocado.
Lidar com o natural é mais fácil...
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8A- João Lucas
Achei incrivel o modo que o texto toca no assunto de forma calma, como se o escritor conversasse com o leitor de maneira mansa, deixando o texto mais chamativo, sem contar o assunto, que para quem mora em um local com bastante sertão, é muito interessante saber sobre.
22/fevereiro/2021
8ano.Jaciane Ribeiro
O texto é excelente!
Realmente o natural é mais fácil , pois para criar um objeto pode ser até fácil mas na hora de se desfazer não.
Por exemplo : quando a pessoa faz um cesto de bambu ou palha e usa até n querer usar mais , se ela jogar fora vai ser mais fácil para se decompor porque ele não passou por nenhum processo químico mas se eu faço um cesto de plástico ele pode demorar até 500anos para se decompor decompor porque ele vai ter intervenções químicas.
Outro exemplo é q se um índio e um homen branco tiverem 1 reunião marcada quem vai chegar primeiro?
Provavelmente o índoi pq ele só vai , tomar banho, se pintar talvez colocar uma roupa simples e só ou nem colocará roupa , já o homem branco ele vai vestir toda uma roupa social, fazer a barba e etc .
Em tão o natural realmente é mais fácil.
22/fevereiro/2021
8• ano A , Samuel Varela
Eu achei que o texto aborda um assunto muito interessante por conta que mostra que as coisas naturais se resolvem muito fácil no texto ele está falando sobre o barro quando ele vai para a cidade grande fica uma mancha preta isso quer dizer que as coisas que não são naturais não são fáceis de tirar ou resolver.
22/fevereiro/2021
8° ano A Bruno Levi
Achei o muito interessante, o texto mostrou realmente a realidade, do sertão para cidade, ou do natural para a mente humana, e também quando as coisas naturais são mais fáceis de lidar ou seja acontece com mais naturalidade, já quando lidamos com uma coisa de mente humana pois a uma intervenção humana...
22/fevereiro/2021
8° ano b Lucas Rafael Medeiros moura
muito interessante pensar que um conceito e um exemplo, tão banal pode ter reflexão tão complexa como a própria existência , pensar que as ''coisas naturais'' são retiradas de forma ''simples'' e sem nenhuma força , mas pela sujeira criada pelo própria ser homem, seria como se a própria sujeira que o homem criou a destruísse, o caos criado pelo homem fosse algo quase irreversível , que só pode ser destruído pelo próprio se humano como se a extinção do homem, pode ser ele mesmo , ser ele mesmo fosse como uma mancha historia e que o homem esta se levando para o seu próprio fim...
22/fevereiro/2021
8° Ano A Gustavo Pereira de Souza da Paixão
Ótimo texto. Pois ele nos conta e mostra, novas formas de pensar, seja sobre como é a vida no sertão nordestino ou nas cidades. No sertão a vida é muito mais simples e fácil, porque a uma naturalidade, diferentemente das cidades onde tudo teve uma transformação humana. Relacionando a sujeira da sola da sandália, que sendo natural é muito melhor de limpar com a vida simples e fácil do sertão. Ao contrario da vida nas cidades que é preciso utilizar coisas também modificadas pelo ser humano para limpar a sola da sandália.
21/fevereiro/2021
8° ano A. Maria Eduarda Gomes Santana
Gostei muito do texto, pois mostra um pouco da simplicidade do nosso nordeste e alguns costumes que aprendemos ao longo da nossa vida morando aqui.
19/fevereiro/2021
8° ano A. Julia Diniz Alves
Achei interessante descobrir que a poeira do sertão não é como eu imaginei,achava que era um rosa claro.
Eu achava que era só eu que limpava a sola da sandália .
Sobre andar descalça ou de sandália,prefiro descalça,pois faço minhas coisas mais rápido e brinco muito mais
18/fevereiro/2021
8° ano B. Kevin Lima Cunha
Achei o texto muito legal, pois não sabia que a sujeira do sertão ficasse no solado da sandália e também quando lavava minhas sandália, nunca testei lavar o solado, mas agora que sei que é muito difícil sair a cor preta, não vou lavar o solado, entre outras coisas, eu prefiro ficar descalço, porque assim eu corro e brinco muito mais.
18/fevereiro/2021
8º ano A Breno Barrada Gabriel de Jesus
O texto é interessante pois eu não sabia que no sertão onde você passasse ficaria uma sujeira vermelha no solado da sua sandália, e também eu fico informado que para limpar uma sujeira com modificação humana é mais fácil limpar com produtos criados pelo ser humano.
18/fevereiro/2021
Escritas.org
