Acasos
Às vezes penso nas pessoas. Naquelas por que passei, naquelas que nunca virei. Acho estranho.
Como será conhecer toda a gente e poder dizer que se conhece todo o mundo? Literalmente. Talvez fosse chato. A imaginação para ‘o que poderia ser’ estaria limitada pelo já visto e determinado. Não haveria o ‘e se’. Não haveria pelo que esperar.
Penso também se elas pensam nisso. Ou se vivem com as mentes tão ocupadas quanto um copo cheio que transborda ao mais leve balanço. Acredito que sim.
Todos os dias passo por dezenas, não, centenas de novas caras desconhecidas que de vez em quando vejo em sonhos. Sinistro.
Mas e se essas flagrantes pessoas a que chamamos de ‘outras’ forem afinal todas as outras possibilidades do que no ‘agora’ somos? Tal significaria que falaríamos connosco próprios, que nos aturávamos a nós próprios, que seríamos os nossos próprios amantes e até os nossos mais cruéis inimigos? Talvez… O mais provável seria quem sabe, entrarmos num estado de loucura tão profunda que o dito mundo acabaria. Credo!
Gosto de observar as pessoas e o modo como se expressam. Como falam, como se deslocam, como quando te olham te penetram a alma, ou até como alimentam os pombos. Intriga. Gosto também de observar o modo como são belas e não sabem. Como quando desprevenidas, se iluminam ao mais pequeno gesto que fazem. É bonito.
Há pessoas por quem gostava de um dia passar. De sentir o rasto dos seus perfumes deixados pela correria do andar. De ouvir as suas gargalhadas por coisas sem sentido ou de consigar ler o seu pensamento mais escondido. De as observar. Talvez também essa ansiedade do querer me desaponte. Quem sabe…
Então deixo ao Acaso decidir. Será ele quem colocará as pessoas na minha vida e eu nas suas. Aquelas que distantes me cruzarei, e as que por aqui perto não reconhecerei. E assim saberei que tudo o que vem, um dia terá de ir também.
Inês Reis
Como será conhecer toda a gente e poder dizer que se conhece todo o mundo? Literalmente. Talvez fosse chato. A imaginação para ‘o que poderia ser’ estaria limitada pelo já visto e determinado. Não haveria o ‘e se’. Não haveria pelo que esperar.
Penso também se elas pensam nisso. Ou se vivem com as mentes tão ocupadas quanto um copo cheio que transborda ao mais leve balanço. Acredito que sim.
Todos os dias passo por dezenas, não, centenas de novas caras desconhecidas que de vez em quando vejo em sonhos. Sinistro.
Mas e se essas flagrantes pessoas a que chamamos de ‘outras’ forem afinal todas as outras possibilidades do que no ‘agora’ somos? Tal significaria que falaríamos connosco próprios, que nos aturávamos a nós próprios, que seríamos os nossos próprios amantes e até os nossos mais cruéis inimigos? Talvez… O mais provável seria quem sabe, entrarmos num estado de loucura tão profunda que o dito mundo acabaria. Credo!
Gosto de observar as pessoas e o modo como se expressam. Como falam, como se deslocam, como quando te olham te penetram a alma, ou até como alimentam os pombos. Intriga. Gosto também de observar o modo como são belas e não sabem. Como quando desprevenidas, se iluminam ao mais pequeno gesto que fazem. É bonito.
Há pessoas por quem gostava de um dia passar. De sentir o rasto dos seus perfumes deixados pela correria do andar. De ouvir as suas gargalhadas por coisas sem sentido ou de consigar ler o seu pensamento mais escondido. De as observar. Talvez também essa ansiedade do querer me desaponte. Quem sabe…
Então deixo ao Acaso decidir. Será ele quem colocará as pessoas na minha vida e eu nas suas. Aquelas que distantes me cruzarei, e as que por aqui perto não reconhecerei. E assim saberei que tudo o que vem, um dia terá de ir também.
Inês Reis
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