Sem Título.
A verdade é que não éramos inocentes. Naquela noite de meio luar, nossos corpos haviam tecido a trama que a nossa mente se havia esforçado para evitar.
Aquele tique-taque estrondoso do relógio que tanto te irritava tinha parado. Assim como as buzinas histéricas que lá fora gritavam por movimento. E as vizinhas, que nada discretas e frenéticas se punham à janela, estavam hoje resguardadas num inabalável transe do cheiro de nossas velas.
Os últimos raios quentes de sol, atravessavam os vidros e iluminavam teu rosto num particular tom de laranja que não poderia ser descrito senão pela visão. Foi então que nossas mãos se apertaram enquanto lado a lado apreciávamos aquele pôr-do-sol no colchão velho que recusavas trocar. Essa foi uma das coisas que sempre em ti admirei, a despreocupação com a vida, uma viagem sem volta, apenas uma ida.
Posso sentir tua respiração embalada em meu ombro. Tão leve quanto uma folha que se desprende do ramo e segue o vento no seu novo rumo. Teu toque lembra-me a chuva que resfria uma carne que se sente em chamas e teu cheiro é mais forte que o dos malmequeres que enfeitam nossa mesa de jantar.
Talvez nos chamem de loucos ou mundanos sem razão. Irracionais... A verdade é que não éramos inocentes. Foi naquele final de tarde que dois corpos entrelaçados se fundiram e mergulharam ao mais fundo oceano da emoção. Foi ali que me embriaguei da tua alma e provei o teu mais ríspido e sincero tu. Foi ali que crua e simplesmente, te doei meu coração.
Inês Reis
Aquele tique-taque estrondoso do relógio que tanto te irritava tinha parado. Assim como as buzinas histéricas que lá fora gritavam por movimento. E as vizinhas, que nada discretas e frenéticas se punham à janela, estavam hoje resguardadas num inabalável transe do cheiro de nossas velas.
Os últimos raios quentes de sol, atravessavam os vidros e iluminavam teu rosto num particular tom de laranja que não poderia ser descrito senão pela visão. Foi então que nossas mãos se apertaram enquanto lado a lado apreciávamos aquele pôr-do-sol no colchão velho que recusavas trocar. Essa foi uma das coisas que sempre em ti admirei, a despreocupação com a vida, uma viagem sem volta, apenas uma ida.
Posso sentir tua respiração embalada em meu ombro. Tão leve quanto uma folha que se desprende do ramo e segue o vento no seu novo rumo. Teu toque lembra-me a chuva que resfria uma carne que se sente em chamas e teu cheiro é mais forte que o dos malmequeres que enfeitam nossa mesa de jantar.
Talvez nos chamem de loucos ou mundanos sem razão. Irracionais... A verdade é que não éramos inocentes. Foi naquele final de tarde que dois corpos entrelaçados se fundiram e mergulharam ao mais fundo oceano da emoção. Foi ali que me embriaguei da tua alma e provei o teu mais ríspido e sincero tu. Foi ali que crua e simplesmente, te doei meu coração.
Inês Reis
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