QUE ESTRANHA FORMA DE VIDA
Acordei só. Sem uma palavra tua e a manhã nasceu mais triste com sombras e penumbras em redor de mim.
Tateando, coloquei um cd de blues no leitor. Fechei os olhos. E senti as grilhetas dos campos de milho, algodão e cana do açúcar. Não sou negro, mas sou escravo de uma outra época. As correntes do Mundo Global e Virtual.
Preso por sentimentos de bites recebidos, enviados e reencaminhados. Sem cor. Como o Blue.
Acendi a luz para pintar a manhã com cores de arco-iris e troquei o blue pelo fado. Como são idênticos. A mesma tónica. O lamento encapuçado. A liberdade rouca e pouca. Olhei para meu corpo marialva. Nu.
Acorrentado pelo meu fado. O fado da manhã. Da tarde de todos os dias. Das noites de mim e de ti.
Apaguei a luz incapaz de pintar o quadro devido à falta de pigmento em meus olhos.
Vislumbrando pelos poros da pressiana um pouco de azul pálido, abri a janela à fatalidade do ser português.
Comecei então a esculpir o dia numa mistura de fado e de blue.
Na sequência do dia veio inevitavelmente a escuridão.
As minhas mãos são os meus olhos. A ausência de cor cegou-me.
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06/março/2011