Mel de Carvalho

Mel de Carvalho

Pág. pesssoal
http://noitedemel.blogspot.com/

1961-01-23 V.F.Xira e/ou Peniche
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hoje vou editar silêncio

o soalho range sob(re) os pés.
a madeira dói. geme a casa antiga. a casa da língua.
o soalho ainda, tábua a tábua, justaposto paralelo
ressoa nos passos
e nos silêncios.

o teu silêncio. o meu silêncio. e a palavra
retraída na casa da língua. a carne viva, a viva voz...
alegoria neandertal de homem das cavernas.
...

hoje vou editar o silêncio. rasgo-o, desabitado:
- os dedos no teclado
e um barco num porto de mar. e a buza prenúncio de partida.

como uma pálpebra
uma pestana

caída

no seio da madrugada polar
qual flor
acéfala
que cresceu em sítio errado.

hoje
em cada pingo de chuva a respingar caleiras e beirados
poderia decantar
a hemodiálise diurética dum ácido corrosivo que abocanha
estulto
o malmequer perene do teu riso
se, em si maior, ainda, um nome, uma brisa, uma melodia, se eleva
resgatando silêncios do teu peito.

hoje,

talvez ainda te fale de amor ...

por hoje, ainda.

amanhã, quiçá, a geada da noite tenha
definitivamente toldado, um a um, todos os bagos de romã ...

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