OS OPRESSORES

É como se não fôsseis meros fósseis 
E ainda sois ferozes animais.
E, embora sempre pareceis tão dóceis,
Nos pensamentos já nos devorais. 

Os outros vão aonde quer que vades:
Jamais duvidarão do que dizeis,
Farão pra sempre vossas vãs vontades,
Porque vos comportastes como reis. 

Ó, retirai as máscaras e exponde
As vossas faces quando vos sentis
Mais nobres que qualquer marquês e conde.
Não escondeis sorrisos vãos e vis! 

Por fim, fazei-vos cócegas e ride
Do mísero que como vós não é!
Pois um de vós ainda nos agride
Enquanto apenas o aplaudis de pé.  

Dai-nos ouvidos! Por favor, dizei-nos
Quais são os tronos em que vos sentais,
Onde estabelecestes vossos reinos, 
Quem são os vossos súditos leais. 

Enquanto não sabíamos quem éreis,
Sem dúvida, gostávamos de vós.
Nas vossas línguas, terras tão estéreis,
Por nós plantastes um desprezo atroz. 

Sim, se possível, evitamos ver-vos
Porque também com um decreto só 
Podeis esmigalhar-nos mais os nervos
E transformar espíritos em pó! 

Não tendes mais de parecer afáveis 
Porque nós já sabemos bem quem sois.
E como gente nunca nos tratáveis
Enquanto nos sentimos como bois. 

Porém, se apenas uma vez vos vísseis
Como o Juiz supremo já vos vê,
Culpa atingir-vos-ia como mísseis 
E entenderíeis muito bem porque! 

Arrependei-vos, opressores! Vede
Que o mal que nos fizestes vos reduz
A cada grossa e sólida parede
Que impede cada som, perfume e luz! 

(Autor: Eden Santos Oliveira. Escrito em 09/08/2021. Inspirado em Salmo 119:121)
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