O Relógio Invisível
O tempo é um rio que nunca recua,
leva os instantes na sua corrente nua.
As palavras não ditas são pássaros mudos,
presas no vento, em voos miúdos.
As chances perdidas são portas fechadas,
chaves que somem em madrugadas.
O depois é um barco que parte sozinho,
sem deixar rastros, sem deixar caminho.
A vida é areia que escorre na mão,
um sol que se esconde sem explicação.
Se há fogo no peito, queime sem medo,
pois a noite apaga o que fica em segredo.
Se há um desejo, que seja vivido,
se há um abraço, que não seja esquecido.
Se há um olhar que implora um instante,
que seja agora, que seja vibrante.
Pois tudo que fica pra outro dia,
vira lembrança, ou vira agonia.
E o tempo, esse rio de águas ligeiras,
não volta atrás para histórias inteiras.
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