No ventre do mundo, centelha acesa,
Curiosidade, um rio sem represa.
Aos sete, o sonho é vento sem cais,
Semeia estrelas em campos irreais.
Quatorze luas, pés sem fronteira,
Passos dançam na poeira.
Aos vinte e um, o risco é chama,
Brasa que arde, mas não reclama.
Vinte e oito, molda o argila,
Do caos faz forma, da dúvida, trilha.
Trinta e cinco, olhar de aço,
Corta o mundo, forja o espaço.
Quarenta e dois, eco do tempo,
Cada escolha, um firmamento.
Quarenta e nove, vento brando,
Livre folha, céu dançando.
Cinquenta e seis, folhas caem,
Soltam raízes, ventos atraem.
Sessenta e três, outono brando,
O silêncio canta, o dia é quando.
Setenta só resta o ser,
Nada há que se perder.
Setenta e sete, voo leve,
No tempo vasto, nada deve.
Oitenta e quatro, mar profundo,
Silêncio sábio, além do mundo.
Noventa e um, a ampulheta,
Areia escorre, mão discreta.
Noventa e oito, luz dispersa,
Presença nua, sombra inversa.
Quem do tempo faz caminho,
Nunca o vê como espinho.