Ser Inteiro
Sê rio que abraça a margem,
sem temer a curva do tempo.
Não deixes metade de ti na nascente,
nem te percas em mar revolto.
Sê chama que aquece e ilumina,
sem arder em vaidade, sem se apagar em medo.
O fogo que se reparte em centelhas
não deixa de ser fogo, não deixa de ser luz.
No grão de areia cabe o deserto,
na gota d’água dorme o oceano.
O universo dança em cada estrela,
pois tudo é pleno quando é inteiro.
A lua não se esconde na sombra,
mesmo quando a noite a fere em silêncio.
Ela brilha em metades e inteiros,
pois sabe que a luz não lhe pertence.
E quando se parte em silêncios de sombra,
não é ausência, mas ciclo e renovo.
O que parece metade é sempre inteiro,
pois a lua nunca deixa de ser lua.
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