Vá
Sabe bem que seguir-me é ato impossível e dolorosamente penoso.
Não me digas depois que ocultei de ti minha obscuridade, e que não tinha
consciência do risco iminente de amar-me.
Oh, querido! Rouca me fiz para que escutasse este silêncio cortante que me preenche.
Vomitei sangue em seu tapete persa, para que compreendesse que manter-me aqui, seria
custoso demais.
Peço-te que desista dessa ingênua tentativa de arrancar-me desta escuridão, pois é parte mim. E se por acaso ouse tirar-me daqui, verás que deixo de existir!
Insisto que vá, dê-me a bênção de minha solidão.
Salve-se! Antes que meus braços te enlace e te traga para dentro deste vazio e sejas tarde demais para ir.
Oh, querido! Ser comigo, te é impossível! Não se mostre tão sensível, pois sou capaz de alimentar-me de seu coração para provar-te e provar para ti, que não sei amar bem.
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