Quietude- um trecho de celibato e cura
Descanso meu corpo:
não há mais medo,
ameaça,
dor.
Não há toque,
não há sexo,
não há guerra,
nem pavor,
me pertenço sem anseios,
estou segura nesta ilha,
não por força ou fuga,
mas por amor
à toda calmaria.
Minha alma cansada
andou vales,
árduos terrenos,
gritarias e invasões.
Agora quer o silêncio,
aconchego preenchido,
longe do perigo -
não há pecado no toque,
não há engano na fala,
não há desencontros
ou horas exaustas,
vazias, perdidas
num hiato -
Celibato
E minha paz,
minha canção,
tocando a melodia do aconchego...
Meu corpo pediu descanso
e ouvi,
acolhi
com sutil cuidado
e real significado:
meu ventre é templo
de um tempo de cura.
Enquanto o mundo aponta
“sou ausência”,
minha alma sussurra:
“sou presença
dentro de mim.”
Neste estilo de vida
acolhida,
até quando eu quiser,
um dia direi sim
(no momento certo
junto ao corpo certo,
paciente, inocente,
pronto para entrega
à uma nova era
madura, segura
e serena)
Sou minha,
não busco confusão,
apenas a quietude da alma,
o equilíbrio,
e a beleza de saber,
finalmente,
quem sou eu
Cacal
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