GUSTAVO?!
"Oi Gustavo, lembra de mim?"
Ele a olhou por trás das lentes embaçadas dos óculos.Examinou minuciosamente a figura daquela linda moça:
"Puxa, não sei...acho que...não, não...não pode..."
"Há exatos 6 anos?"
"Não acredito!Carla, você está linda! Como tem passado? Quanto tempo!"
Ela abriu um amplo sorriso.
"Bem!"
Meio encabulado, puxou uma cadeira para que ela se sentasse.
"Quanto tempo! Como me encontrou?"
" A Cris foi quem me contou que você havia voltado."
"E então, gostou do restaurante? Faz um mês que abri. Ainda está no começo, mas já tem um pouco de movimento. Espere um pouco, vou buscar bebiba para a gente. Você ainda gosta de dry martini?"
Ela corou e acenou com a cabeça.
Minutos depois ele voltou com duas taças.
"Sabe, sinto sua falta."
Carla sentiu um arrepio ao ouvir aquilo.
"Bom, Gu, me conte sobre a Inglaterra. Como foi ficar tanto tempo longe?"
"É estranho. No começo fiquei perdido, mas logo me acostumei. Na verdade, sempre senti falta do Brasil...(um suspiro)...Lembra das festas que costumávamos ir?"
Ela riu.
"E aquele seu amigo? O Edgar? Você morria de ciúme quando ele aparecia..."
"É verdade" - ele riu também - "Aliás, foi no dia em que vocês brigaram que eu me apaixonei."
Ela ficou sem graça.
Ele a olhou fixamente.
"Sabe, você foi a mulher da minha vida. Nunca amei tanto alguém quanto amei você."
Ela desviou os olhos. Suas mãos estavam trêmulas.
"E agora, tem alguém, algum homem que...?"
"Não, Gu! Não, não. Quando você foi embora, me fechei para qualquer tipo de romance. Nunca mais tive ninguém."
Ele apertou as mãos de Carla com força.
"Por que fui tão estúpido em deixar você sozinha?"
"Porque tinha que ser assim. Você precisava ir. Era a sua vida."
Enquanto se olhavam, um menino de óculos, entrou correndo:
"Mãe, mãe!!!! Posso ir ao parquinho?"
Ele olhou espantado.
"Não sabia que...não sabi..."
Ficou paralisado.
A criança insistiu:
"Mãe, mamãe..."
"Não, Gustavo, não pode não. Vá lá fora com a tia Cris e espere porque já vamos embora."
O garoto saiu pulando e o rapaz, assustado, repetiu:
"Gustavo?!"
"É, é o nome do pai dele."
Então tudo ficou claro.
"Carla, eu não sabia...não queria...quer dizer, não queria te deixar sozinha e..."
"Está tudo bem. Eu não sabia que tinha acontecido. Você partiu e sofri muito com sua ausência. Quando descobri, bem, não tinha como te encontrar...enfim, fiquei feliz. Quer falar com ele?"
Foi aí que Gustavo pai e Gustavo filho finalmente se conheceram.
ANO: 1999