Sobre a minha identidade
Já fui a pessoa mais corajosa,
Quando eu estava em outras almas.
Sob nomes inventados,
Escrevia sob corpos, desejos, pele
Sem medo de ser lido.
A poesia me dava abrigo
- ou talvez desculpa.
Hoje, com o meu nome e assinatura, tremo.
Há um silêncio que pesa
Mais que qualquer metáfora.
Tenho medo de me revelar,
Mesmo quando grito por entre versos.
Parte de minha vida
Escorre pelas entrelinhas,
Tímida, contida.
Tentar me assumir na autoria
É como caminhar nu em praça pública.
O passado era liberdade disfarçada;
O presente é prisão com rosto.
Ainda escrevo.
Mas agora cada palavra
Pede desculpas antes de nascer.
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