Som do mar

As vezes o som do mar chega tarde
e os olhos brilham gotas de sangue
vagas aguadas ao longe
emudecem meu corpo

As vezes o som do mar chega tarde
e os vagos suspiros se perdem
ondas marinhas no cais de fogo
rasgam túmulos d'água

As vezes o som do mar chega tarde
e nem sóis de maracujá
cruzam pelos céus cinzentos
marcas dos escombros em pedaços

As vezes o som do mar chega tarde
e o coração entristecido morre
nas sombras obscuras dos sonhos
parados um frente ao espelho

As vezes o som do mar chega tarde
e os colírios ondulantes despencam
sobre cabeças vazias de dor
só ilusão sobre cores azuis

As vezes o som do mar chega tarde
e não conta mais mistérios de amor
sobrando histórias usadas e lavadas
caindo os adornos e as flores

As vezes o som do mar chega tarde
e o cão da corrente prende o ar
nos pulmões soltando bolhas
sabões alados instantes do não mais

As vezes o som do mar chega tarde
e a vida se esvai vazando óleo
preto, sofrimento, excremento
olhos de brasas cinzas

As vezes o som do mar chega tarde
e Eu despenco do abismo
dou adeus a todas as coisas
encerro os passos sobre nãos enlameados
As vezes o som do mar chega tarde ...
As vezes o som do mar chega tarde
As vezes o som do mar chega tarde
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