

Samuel da Mata
Nasci e cresci pobre, mas não tenho vergonha disso. Sofri na pele as injustiças da pobreza, mas mesmo assim vivi feliz pois não conhecia a sua verdadeira fonte. Saudei heróis forjados na podridão, mas vestidos no linho fino do engodo e da publicidade paga.
DOR DO OUTONO
O outono chega, vão-se as folhas, róseas ou amarelas
Uma melancolia profunda invade a alma da floresta
A luz entre troncos desnudos, expõe-lhe as mazelas
Glamour vazio, efêmeras folhas, nada mais lhe resta
Murcham, desapegam e caem, entregam-se ao vento
Pouco importa a sorte da árvore que lhes deu provento
Sucumbem só da expectativa de ter enfrentar o frio
Sugaram o que puderam, mas seu cerne inda é vazio
Prefira os galhos às folhas, oh árvores sofridas
Estes não te abandonam quando for dura a vida
No separar da foice, choram seivas de verdade
E no arder do fogo, gritos sinceros de saudade