Paulo Jorge

Paulo Jorge

A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.

1970-07-17 Lisboa
56073
0
3

Morte Amiga


Morte fiel e amiga de ar fraterno,
Geraste-me no teu ventre materno,
Assim já tão provecto cansado de sofrer,
Deste-me uma morte lenta a viver,
Anseias por me ver na cova a jazer,
Sigo os teus chamamentos de dor e tormentos,
Embalo nos teus braços a soluçar lamentos,
Dás-me de beber o sangue de doentes,
Preteres-me à custa de crianças inocentes,
Porque sustentas minhas aflições lancinantes,
Pela noites incestuosas da minha dor,
Leva-me de vez contigo como prova de amor.

Lx, 27-10-1996
455
0


Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores