Os olhos do meu pai
Meu pai tinha uma plantação de dores nos olhos
De menino, eu sabia quando uma nova dor brotava
Pelo silêncio boiando nos rios rubros de sua córnea.
Com o tempo, fui aprendendo que nem toda dor nascia
No silêncio do olhar - havia as que gritavam como louco:
Eram mais dolorosas, fediam a álcool e doíam em todos.
Mas as piores, as piores dores, eram as dores daninhas.
Elas nasciam pra dentro dele, como flores ao contrário:
Despercebidas, como orvalho em chuva que não chovia.
Sem cheiro, sem cor, sem vida, como dor que não doía.
De menino, eu sabia quando uma nova dor brotava
Pelo silêncio boiando nos rios rubros de sua córnea.
Com o tempo, fui aprendendo que nem toda dor nascia
No silêncio do olhar - havia as que gritavam como louco:
Eram mais dolorosas, fediam a álcool e doíam em todos.
Mas as piores, as piores dores, eram as dores daninhas.
Elas nasciam pra dentro dele, como flores ao contrário:
Despercebidas, como orvalho em chuva que não chovia.
Sem cheiro, sem cor, sem vida, como dor que não doía.
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