

Vinicius Souza
Apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco ou parentes importantes!
As Quatro Estações
Havia chegado a primavera,
e todos os ventos apontavam
para um horizonte belo e auspicioso.
As promessas eram vivas e verdadeiras.
Os olhos continham um fulgor
melódico e opulente,
como de uma pobre criança faminta.
Na primavera
o tempo engatinhava
e minha janela pairava sempre aberta.
O mel e a seiva acusavam sempre para o norte
onde os sonhos ganhavam asas.
A dança celestial entre os lírios,
impelia-me sempre avante.
Então veio o verão,
e o caminho tornou-se ínvio.
As pegadas deliam-se atrás de mim
num remoto deserto.
O ar tornou-se tórrido e sufocante.
O zênite, antes profícuo
parecia saltar as abóbodas do universo
a cada passada em seu ritmo.
Nem água, nem brisa.
Só fogo e labor.
Asas cansadas
temendo um último adejar.
Mas, não findava ali minha missão.
Chegara o outono,
entre as florestas secas e sombrias,
por lobos, minha alma foi afugentada.
Eram inumeráveis
como pontos no espaço.
As folhas, agora adotavam
um negrume funesto e lúgubre.
O mundo tornara-se inerte e incolor.
As paixões de outrora,
jaziam soturnas,
Junto à folhagem, já sem vida e cadavérica.
A escuridão à frente
entorpecia a menor esperança.
O céu agora acinzentado,
ignorava qualquer contato espectral.
Estava só entre feras sedentas...
Eis que chegou o inverno.
E com as últimas forças
galguei para o sul.
Lá, instalei-me entre loucos
e essa, foi a minha melhor estadia.
No frio estridente,
fui aquecido
pelos ternos abraços da loucura.
No mar insípido e sem vida
observei um pequeno peixe saltar.
Finalmente, encontrara vida.
Ironicamente, no lugar onde menos procurei.