

Vinicius Souza
Apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco ou parentes importantes!
Os sinos
Os sinos tocam outra vez,
lá vão eles a seguir.
Cabisbaixos, mãos atadas sobre o dorso
Seguindo uníssonos o tilintar
Com seus pecados perdoáveis
E desejos indômitos.
Não são homens,
Não são mulheres
Apenas massas que caminham.
Movidos pela dor e pelo clamor
Privados de qualquer esperança.
Atentos aos sinos e trôpegos,
pois não avistam
o abismo diante de si.
Fracos, cansados, imundos
e bem trajados.
Sorrindo, cantando
sem qualquer paixão.
Mãos que se entrelaçam, vez por outra,
expelindo-se instantaneamente,
Pela denúncia desmedida
De uma alma fria e arredia.
Outrora o ódio era vivaz,
As flechas adejavam,
As tochas queimavam alhures
Nobres alijavam pobres
O filho, facínora
Denegria o pai.
Mas ao tocar dos sinos
Tudo se delia.
O vento pálido e cadavérico
A todos devorava e a tudo esquecia.