Paulo Jorge

Paulo Jorge

A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.

1970-07-17 Lisboa
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Cansado



Cansado ao acordar,
À noite cansado de estar,
Cansado de mim,
E de vós acima de tudo.
Cansado do tempo a passar,
E do senhor sisudo,
Cansado da bonança,
Dos dias correntes,
E dos meus membros dormentes.
Cansado do fiel da balança,
E da consoada,
Cansado de fazer anos,
Em desalmada.
Cansado de sorrir,
Amestrado,
Cansado tão cansado,
De lamúrias suplicantes.
Cansado de choros e prantos,
Desencantos ofegantes,
Cansado de desencontros,
Oníricos latentes.
Cansado do passado,
Insipiente,
E do futuro poluente,
Cansado do sim e do não,
De ser testemunho vidente.

Lx, 19-4-2009
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