Isabel Pires

Isabel Pires

Amar o abismo da descoberta. Sem cair.

1964-01-30 Lisboa
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Curativo

Ensaiei uma tela para o lugar da que perdeste.
Com as ligaduras.

Lavei-as bem
estiquei-as ao sol
e pu-las a comer a goma que fiz.

Vai servir-te quando descobrires as tintas que também largaste
por aí...
Ou talvez estejam distribuídas pelas gavetas do homem do divã...
É que nem sabes daquela bem cremosa com que pintavas o ondulado do lençol negro de seda.
A dos cambiantes. Para evitar a obscuridade, brincavas.

Depois de espreitar as gavetas do homem de olhar fundo, quase mau,
(- sabes que ao Dali lhe deu para as pintar, às gavetas? -),
com as ligaduras
ensaiei velas de barcos
para largar
por aí...

Daria Endresen

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