Pintura
Vejo água saindo de dentro da pintura em que havia uma cachoeira;
e aí, para desligá-la, tive que, rápido, desenhar uma torneira.
E a bananeira com cachos de bananas verdes;
por não verdes que, com o tempo, já estavam maduras; acabou quando pintei um macaco.
Uma criança com os braços levantados
que, depois, já era um homem até com cabelos no sovaco.
Com muita coisa no quadro que eu havia pintado,
abri a janela para entrar na casa o vento;
no momento,
o fogo que existia na moldura, estava apagado.
Até o Cristo crucificado
já tinha ressuscitado,
e sumia até a cruz.
As estrelas viraram estrelas cadentes.
O bebê já criava dente.
A noite vinha para o Sol perder a luz.
O pintinho cantava de galo.
A Lua cheia estava minguante.
E o cavaquinho virava violão.
A água da cachoeira descia pelo ralo;
e a chuva enchia, de novo, a cachoeira num instante.
Mudava de cor o camaleão.
Não tinha nem mais perfume no frasco,
e o gambá voltava a cheirar mal.
A tartaruga escondia dentro do casco.
E o menino que antes lia, estava com o livro fechado,
porque leu até o final.
O pássaro tinha fugido, levando junto à gaiola;
Os meninos que brincavam de bolinha de gude,
já estavam jogando bola.
Com bastante sede, a baleia fazia o mar virar açude.
Era azul o canário que eu havia pintado de amarelo.
Como eu não tinha pregos e nem martelo,
desenhei, atrás da parede, um pouco de cola;
para que, ali, pelo menos, o quadro grude.
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joao_euzebio
Neste poema de emaranhados sonhos a tua realidade surgiu os teus desejos se abriram como uma flor e a tua genialidade brilhou como o sol da manhã.Parabéns muito legal.
12/agosto/2012
Escritas.org
