Rodrigo Conte Cunha

Rodrigo Conte Cunha

1978-03-07 Belém do Pará
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Posso falar?

Oi
Tudo bem?
Posso falar?
Queria gastar teu tempo
Te encontrar
E conversar
Mas se não der
Sem problemas, entendo
Após tantos anos
Percebi que tudo deveria ter sido dito
Lá atrás
Agora
Já mais perto do fim
Nem tem mais sentido
A não ser que
Se descubra um jeito real
De estender por outra vida
Os sentimentos corrompidos pelos amores carnais
Gostaria de antecipar esse momento
Pra ter a certeza de que meu esforço
Quase um sacrifício da alma
Ainda pudesse ter efeito
A covardia até agora me dominou
A coragem até então me abandonou
Mas eu vou falar

Aprisionado em mim
Assim meu coração seguiu
Sufocado, amordaçado
Lutou insensantemente para enganar até meu olhar
E disfarçar, desviar
Por que?

Eu não sei dizer
Mas sinto o quão forte é amar você
E jamais dizer
Engasga, aperta
Eu nunca consegui dizer

E então
As palavras escritas passaram a ser o meu refúgio
Um escape da solidão
Uma vazão de todo o meu amor

Há mais dele aqui dentro do que a minha capacidade de usar as palavras para escancará-lo
Há mais dele aqui dentro do que a capacidade de vazão de um vulcão que tenta explodir

Explodir
Talvez essa seja a vontade
Mas

Aprisionado em mim
Assim meu coração seguiu
Sufocado, amordaçado
Lutou insensantemente para corromper até meu olhar
E disfarçar, desviar

E tem vencido

Um amor verdadeiro
É esse que quer explodir
E então
Na impossibilidade de o ser nesta vida
Ao menos o será por aqui

Daquele que maltrata
Não correspondido, leviano
Sem reciprocidade, sem caminho
Amigo da tristeza
Primo da desolação
De infinita grandeza
Medíocre na execução

Me causa dor
Me faz chorar

Que um dia
Mesmo por telepatia
Eu consiga falar.
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