Evandro L. Mezadri

Evandro L. Mezadri

1976-07-28 Sorocaba - SP
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Lunático






Parte o lunático...







Vestido pela íntima solidão







Duelando com as sombras do passado







Ruas são labirintos de fogo







aquecidas por cobertores de ossos







Árvores são testemunhas







e suas folhas espiãs







brincando entre os galhos







da madrugada







Morcegos voam







entre rasantes tentativas de alegria







Cães ladram







a fome angustiada dos mal-nascidos







Gatos esquartejados nas autovias







e seus cérebros pisoteados







pelos carros rumo ao sul







Parte o lunático...







O riso mórbido como guia







Abre-se uma fenda na abóbada







Raios selvagens estupram







as estrelas donzelas







e elas derramam pelas nuvens







lágrimas vermelhas







Como o gozo de um vinho barato







sobre o solo poeirento da cidade







Parte o lunático...







Em sua hipnótica caravela







Velejando pelos prolíferos mares







da loucura







A lua a beijá-lo







Uma tempestade de anseios







derramada em pernas e seios







entrelaçando as veias pulsantes dos desejos







Filho do deleite







Em uma colheita







de douradas novidades







Caminhando pelos campos antes inóspitos







A música refletindo







o erótico flerte







da vida com a morte







Espasmo







Açoite







Finda mais uma luxuriosa noite







ao ser atravessada







pela espada flamante







do divino crepúsculo







E o lunático retorna...







ao seu frio reino de tijolos à vista







Pedindo em seus credos de arremedo







para a alma uma benção







e para o corpo um esteio







quando a amante embriaguez se foi







e a esposa ressaca veio!



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joao_euzebio
Bonito poema Evandro viajei com suas palavras fiz curvas nesta estrada de poemas e enfim cheguei a alegria de ler de ser de viver seus sonhos. Parabéns
12/setembro/2012

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