Crepúsculo





Sobre a mesa da áspera madeira

A vela que lhe faz companhia

Empresta seu corpo de luz por inteira

De resina e pavio apagado

Morre debruçada no colo do dia.



Sobre o papel amarelo envelhecido

Descansa a condoída poesia

Quando cai a noite fria de improviso

A pena que com pena do autor

Empresta a tinta

E morre esturricada de vazia.



O velho homem bem que tentou

Tomar inspiração na tal tristeza

A saudade da mulher que amava

É o que restou

Quando o sono pesava-lhe

O rosto sobre a mesa.



Ao dormir no crepúsculo da noite fatídica

A vela se apagou junto à poesia

Talvez em sonho a realidade verídica

Daquele velho homem

Extraia toda a dor

Como da pena que vazou a tinta.



Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli

Abril de 2008 no dia 30

Arujá (SP).
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