

Shantall Tuiche
Jornalista, artista plástica, escritora, membro da Academia Jahuense de Letras.
Vivendo da arte, ousando ser além de apenas existir.
Mãe de pet e colecionadora de histórias.
ação fantasmagórica a distância - como chamou Einstein
pensamentos herméticos
antigos e reativos deram lugar
reações intensas, densas e turbulentas
os dedos a digitar
pele densa
partículas exóticas
transpassando a pele como se nela
caminhos incontáveis existissem
informações inobserváveis
para lugar nenhum
para um outro lugar desconhecido
origem desconhecida
naquela pele, um outro eu,
não meu
eram só pensamentos
jogados naquele tabuleiro
ondas gigantescas de energia reativa
inútil
corriam pelos capilares
azul de metileno subindo até pétalas brancas
psiquismo exacerbado, entrelaçados
veja
o dedo acompanhava a linha vertebral
da lombar para a cervival
eletrificando cada centímetro cúbico
convulcionando aquela mentepelequente não dissociada
veja
os dedos digitavam rápida e precisamente
entre zeros e uns e outros
entre tantos e tão poucos
longínquas coordenadas desordenadas e ainda assim precisas
de lugar algum
de outro lugar desconhecido
origem desconhecida
nele, meu, um outro eu outrora
adormecido
onde estávamos mesmo?
era turbulência
sem espectadores
sem expectativas
partículas exóticas
experiências sofisticadas
eremíticas
memórias antiquadas
tabuleiros
caos ordenado pelo desejo
que darão lugar a outros dedos
digitando outras leis
para a mesma matéria
mentepelequente não dissociada
seu corpo estava longe
tão distante
que a saudade era a única unidade de medida
única constante
e ainda assim
tão perto, dos medos
ao alcance.