Pedro Paiva

Pedro Paiva

1962-06-29 Altos - Pi
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BALADAS DE UM LOUCO

A chuva tamborilando no telhado!
Do quarto-Mundo assisto às cenas
da Vida, lá fora, morrendo à toa.
Na clepsidra, o tempo indômito voa
devorando Estrelas num Céu sombrio de tempestades.
A Lua atônita e bêbeda de sangue humano
despencou do último quadrante
e se afoga no Mar de orgias mundanas.
Mas uma Luz fósmea ainda clareia
os terreiros de inóspitas aldeias
de Humanidades anos-luzes perdidas.
Soam as trombetas estrídulas do Armagedon.
Cavaleiros encouraçados marcham descompassadamente
para a Batalha Final.
A Terra inteira ardendo em chamas.
Um rio de sangue deságua na minha rua.
Corpos mutilados agonizam nas sarjetas
no fundo do nosso pequeno Quintal.
No beco sombrio de uma esquina obtusa,
num ponto qualquer de uma rua escura,
ouvem-se tiros, gritos, gemidos, alaridos.
Baques de corpos mutilados caindo no chão!
Sabres agudos e afiados extravasando peitos,
em golpes certeiros e fatais, sem compaixão,
Passa o cortejo frívolo d’almas indigentes,
enterradas nas valas abertas em Magedo.
Nuvens de fumaça sobem,
levando para um céu de chumbo,
o veneno mortífero e letal.
Zumbis cegos e acorrentados quais fantoches -
marcham incólumes para a morte,
ao ritmo do chicote estralando na pele
dilacerada pelo aço do acicate 
do “Príncipe-Regente da Pérsia".
E sob às ordens do regente infame, inclemente
despencam nos abismos colossais da ignorância humana.
Sonho dantesco, meu Deus! Será o fim?
Acordo do pesadelo. E o que vejo?
O mundo inteiro ao redor de mim!

 

 

 

 

 

 

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